Homens não poderão embarcar na novidade que deve chegar a Porto Alegre nos próximos meses. Voltado ao público feminino, o aplicativo de transporte Venuxx, uma espécie de versão feminina de Uber e Cabify, aguarda pela liberação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para dar início às atividades na Capital.
– Encaminhamos a documentação à EPTC em maio, e deram prazo de 45 dias. Estamos aguardando a aprovação para poder começar – conta Inês Medvedovski, diretora operacional da Venuxx em Porto Alegre.
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Nesta terça-feira, um encontro com 100 mulheres no Centro Cultural 25 de Julho, em Porto Alegre, apresentou o aplicativo para potenciais parceiras, com o objetivo de recrutar mais motoristas. Pelo menos 20 motoristas já estão cadastradas para atuar na nova plataforma, que atenderá exclusivamente mulheres – que poderão estar acompanhadas de meninos de até 12 anos.
A ideia é dar início aos trabalhos em Porto Alegre com pelo menos 50 profissionais. Se tudo correr dentro do prazo estimado, a Capital será a segunda cidade no país a receber o app, na primeira quinzena de agosto – em São Paulo, onde funciona desde março, o serviço conta com cerca de 100 veículos. Conforme a EPTC, o aval, agora, depende apenas de um documento solicitado no fim de maio, que deve ser enviado pelo aplicativo.
Para dirigir para a Venuxx, as motoristas precisam ter carro quatro portas com ar condicionado, a partir de 2008, e apresentar atestado de bons antecedentes. A documentação do veículo deve estar em dia.
Segundo Inês, que já dirigiu para Uber e Cabify, a vinda do app feminino para a Capital partiu da demanda de motoristas dos aplicativos existentes. Em grupos de WhatsApp e conversas informais, elas identificaram um desejo em comum: enquanto muitas passageiras se diziam mais confortáveis viajando com mulheres no volante, várias motoristas sentiam-se mais seguras em transportar pessoas do sexo feminino. Assim, ao contrário de outros apps, que procuraram a capital gaúcha, o Venuxx foi convidado a vir a Porto Alegre após uma pesquisa na internet, quando Inês entrou em contato com os idealizadores.
– Foi uma surpresa. Ela nos procurou, explicou a necessidade, e vim conhecer a cidade para saber como funcionava. Achamos que Porto Alegre tem tudo a ver com a Venuxx, porque as pessoas usam muito os aplicativos para se deslocar. A procura já está mais alta aqui do que em São Paulo – conta o CEO da Venuxx, Thiago Della Gomes.
A iniciativa é vista com bons olhos pela EPTC, que considera a iniciativa "importante para as mulheres". Segundo o diretor-presidente, Marcelo Soletti, assim como outros aplicativos de transporte, o Venuxx também passará por vistoria e terá que apresentar uma relação dos motoristas e veículos cadastrados no app.
– É uma iniciativa bem bacana. Espero que logo comece a operar e que um serviço de qualidade seja entregue à comunidade.
O funcionamento do app é semelhante ao Uber e ao Cabify: a passageira informa o ponto de encontro e seu destino, e recebe uma estimativa de valores e de tempo de viagem. A principal diferença, segundo os criadores do serviço, será um botão de SOS, que acionará um contato previamente cadastrado pela passageira em caso de emergência durante a viagem.
Ainda não foi fixada tarifa para a plataforma na Capital. Conforme Inês, embora ofereça um serviço diferenciado, o Venuxx deve praticar valores semelhantes aos dos apps já existentes. O pagamento, inicialmente, será apenas em cartão de crédito, através do aplicativo.
Criada em São Paulo há um ano, a Venuxx partiu de estudos dos irmãos Thiago e Diego Della Gomes sobre o mercado feminino. Donos de um site que vende cosméticos, eles se uniram com mais dois sócios para criar o aplicativo. Mais do que proporcionar conforto e segurança ao público feminino, a plataforma quer ampliar a participação das mulheres em um mercado de trabalho ainda dominado pelos homens.
– No ano passado, com o boom de aplicativos de transporte, vi que tinha uma carência de um serviço nichado para esse público. E o desemprego está alto. Não garantimos uma renda alta, mas ela vai fazer diferença, além de dar a possibilidade de a mulher empreender, ter o seu negócio, fazer seu próprio horário – diz.