A continuidade das obras de revitalização da orla do Guaíba, após a conclusão do primeiro trecho a ser entregue no segundo semestre, dependerá da busca de novos recursos por parte da prefeitura de Porto Alegre.
O chamado trecho 2, localizado nas imediações do Anfiteatro Pôr do Sol, ainda não tem projeto ou recurso previsto, e a terceira etapa, que vai do Arroio Dilúvio até as proximidades do Estádio Beira-Rio, conta com apenas parte do dinheiro necessário para virar realidade. Segundo a Secretaria Municipal de Parcerias Estratégicas, será necessário buscar novos financiamentos ou parcerias para prosseguir com a reurbanização às margens do Guaíba.
Leia mais:
Orla do Guaíba: veja o que foi feito e o que ainda falta terminar
Primeira obra da revitalização da orla do Guaíba é entregue
Depois de escola náutica ser despejada, Estado abandona área nobre no Guaíba
A primeira parte da renovação se estende ao longo de 1,4 quilômetro do Gasômetro à Rótula das Cuias e deveria ficar pronta neste mês, mas teve o prazo de conclusão estendido para outubro. Depois disso, a intenção da prefeitura é viabilizar a terceira fase, com 1,6 quilômetro, pelo fato de já contar com um projeto – também elaborado pelo urbanista Jaime Lerner, responsável pela reconfiguração no primeiro setor da orla.
– Tão logo seja concluída a obra atual, vamos começar a discutir uma forma de viabilizar esse outro trecho, já que o projeto executivo está pronto. A ideia é buscar a melhor forma de entregar essa nova obra ainda neste governo – sustenta o titular da secretaria de Parcerias Estratégicas, Bruno Vanuzzi.
O município ainda tem disponíveis R$ 35 milhões do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), mas Vanuzzi calcula que seriam necessários cerca de R$ 60 milhões para a nova frente de obras (o valor ainda tem de ser atualizado).
– A solução seria buscar algum tipo de parceria ou ampliar o financiamento – analisa o secretário.
A próxima etapa da revitalização prevê a construção de quadras esportivas, um parque para skate, bar, esplanada, tratamento paisagístico e postes de iluminação semelhantes aos implantados no trecho 1. O desafio será tirar os planos do papel em razão dos custos envolvidos.
Urbanistas entendem que a margem do Guaíba também poderia ser renovada por meio de iniciativas mais simples e baratas.
– É ruim pensar a cidade em trechos. O melhor seria fazer um planejamento geral, com base em um processo participativo no qual a população diria quais são suas prioridades, para então ser implantado conforme a disponibilidade de recursos públicos ou parcerias privadas – afirma o mestre em Planejamento Urbano e diretor do Instituto de Arquitetos do Brasil no Estado (IAB/RS), Marcelo Arioli Heck.
Para a professora da pós-graduação em Planejamento Urbano e Regional da UFRGS Celia Ferraz de Souza, os requisitos mínimos para qualificar a área em tempos de crise seriam iluminação, paisagismo básico e "equipamentos leves" como bancos, mesas e quiosques.
– A nossa orla, infelizmente, ficou largada por muito tempo. Seria possível fazer intervenções mais simples para recuperá-la, mas não sei se o fato de a prefeitura já ter um projeto permite isso – diz Celia.
O secretário Bruno Vanuzzi sustenta que qualquer mudança nos planos teria de passar por uma discussão mais ampla dentro da prefeitura. Até o momento, a intenção é concretizar o projeto idealizado por Jaime Lerner.
A REVITALIZAÇÃO DA ORLA
Trecho 1
O que é: estende-se ao longo de 1,4 quilômetro, desde o Gasômetro até as proximidades da chamada Rótula das Cuias. Prevê instalação de decks, bares, restaurante, passarelas, piso, postes de iluminação e paisagismo. A reforma da Praça Júlio Mesquita já foi concluída. O projeto é do urbanista Jaime Lerner.
Custo: R$ 65 milhões
Situação: a obra deveria ser concluída em abril, mas houve uma prorrogação para outubro. Deve ficar pronta no segundo semestre.
Trecho 2
O que é: trecho compreendido desde as proximidades da Rótula das Cuias até o Arroio Dilúvio, nas imediações do Anfiteatro Pôr do Sol. Não há projeto definido sobre o que será feito no local. Há ideias preliminares que incluem a implantação de uma marina, já que no local há uma espécie de braço de terra que avança sobre o Guaíba. Mas não há certeza sobre o destino da área.
Custo: não definido
Situação: como ainda não há projeto definido ou fonte de recursos, não há previsão de quando pode sair do papel.
Trecho 3
O que é: extensão de aproximadamente 1,6 quilômetro entre o Arroio Dilúvio e o Parque Gigante, nas imediações do Estádio Beira-Rio. Está prevista a implantação de quadras esportivas, paredão de escalada, parque de skate, bar, esplanada, paisagismo e iluminação. O projeto, a exemplo do trecho 1, é do urbanista Jaime Lerner.
Custo: R$ 60 milhões (estimado)
Situação: tem projeto pronto, mas apenas parte do recurso necessário. A prefeitura vai analisar alternativas para fazer a reforma depois da entrega do trecho 1. A intenção é realizar a obra até o final da gestão.