A 1ª Delegacia de Polícia instaurou inquérito sobre apologia ao nazismo e vai intimar para depor na próxima semana uma estudante de Filosofia que fez estágio curricular em uma turma do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Paula Soares, localizado no centro de Porto Alegre. Há três semanas, a estagiária participava das aulas da disciplina na escola e foi denunciada à direção pelos alunos. A diretora do colégio também prestará depoimento. A história foi publicada inicialmente pelo jornal Sul21.
Segundo o registro policial, após a professora titular sair da sala, a universitária ordenou que os estudantes se levantassem e fizessem a saudação nazista, levantando o braço direito. De acordo com a investigação, o trabalho de apuração ainda está no início e os alunos também serão intimados a depor, principalmente o grupo que denunciou o caso à direção. A estagiária, que não teve o nome divulgado, ainda será investigada por agressão a uma estudante.
A diretora da escola, Genecy Terezinha Godois Cegala, disse à reportagem que não desconfiou da estagiária quando ela chegou à escola, com carta de apresentação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), para a prática obrigatória do estágio curricular. Segundo ela, a professora responsável pela turma decidiu sair da sala por alguns minutos para deixar a mulher mais à vontade.
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– Não demorou 10 minutos, começo a escutar uma gritaria dos alunos. Uma garota chegou à minha sala chorando, dizendo: "Ela é louca, aquela estagiária bateu na nossa colega". Eles se acalmaram e aí começaram a contar o que aconteceu – contou.
De acordo com a diretora, os alunos relataram que, imediatamente após a professora sair da sala, a estagiária anunciou que era nazista e que todos deveriam acompanhá-la na saudação. No começo, os estudantes teriam pensado que era brincadeira, mas decidiram comunicar à direção depois que a mulher agrediu com um puxão de orelha e um tapa em uma das pernas uma estudante que não quis ficar em pé quando ela mandou.
A universitária foi chamada à sala da direção e confirmou o que aconteceu. Uma ata com o relato da mulher e dos alunos foi feita.
– Perguntei a ela se sabia que essa prática é proibida no Brasil. Ela disse que não, que sabia que proibido era doutrinar, mas que não pretendia doutrinar os alunos. Ela ainda falou que foi criada assim e que sempre agiu dessa forma – disse a diretora, ao ressaltar que diversas vezes ela citou o pai como exemplo.
O caso ocorreu no dia 23 de março. No dia seguinte, a diretora foi até a delegacia registrar ocorrência.
A 1ª Coordenadoria Regional de Educação confirmou que a estagiária foi afastada imediatamente da escola. Além disso, comunicou a universidade de que a aluna do curso de Filosofia não está mais autorizada a realizar estágio na rede estadual.
A assessoria da PUCRS disse que a universitária, que já tinha concluído o bacharelado e agora fazia a licenciatura, se afastou das aulas. Ainda segundo a PUCRS, ela nunca tinha manifestado apoio ao nazismo na universidade. A instituição reforçou que está apoiando a escola e apurando internamente o caso.