Pelo menos uma vez por semana, a cabeleireira Nara Luz, 39 anos, sai de Viamão para vir à Capital garimpar peças num brechó a céu aberto, realizado em plena Praça Otávio Rocha, no Centro de Porto Alegre.
– Uma blusa que custa R$ 40, por exemplo, compramos pela metade do preço, e as peças são muito boas – conta Nara.
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Desde 2014, a feira oferece roupas e calçados usados, ou peças customizadas e artesanais, na Praça Otávio Rocha, reunindo empreendedores da Capital e de cidades da Região Metropolitana. No ano passado, foi fundada a Associação Gaúcha de Moda Brechó, que organizou os expositores e buscou a permissão da prefeitura. Os empreendedores têm autorização da Secretaria de Governança Local e há feiras também na Travessa Mário Cinco Paus e em alguns dias e horários na Esquina Democrática.
– Tem muita gente precisando de renda, pessoas que estavam desempregadas, e agora têm uma forma de gerar renda – observa a psicóloga Bruna Marquez, presidente da associação.
Bruna explica que o atendimento é feito de segunda a sábado, das 9h às 18h30min, exceto em dias de chuva, pois as araras são montadas todos os dias no local – os empreendedores não podem vender produtos semelhantes aos comercializados nas lojas do entorno das feiras.
Antes da utilização da área pelos empreendedores – atualmente, há 12 expositores na Praça Otávio Rocha – a área que fica no encontro das avenidas Otávio Rocha e Alberto Bins não era muito convidativa, servindo de abrigo para andarilhos e usuários de drogas. Hoje, é possível ver pessoas sentadas nos bancos, crianças andando nos balanços e até mesmo a limpeza está melhor conservada.
– A ideia é que o espaço público seja ocupado pela comunidade – opina Bruna.
Realização
Há um ano e meio, Nilza Maria Vargas Oliveira, 62 anos, expõe roupas usadas em araras na Praça Otávio Rocha. Os preços variam entre R$ 5 e R$ 50. A clientela dela é formada basicamente de trabalhadores do Centro da Capital.
– Sempre fui sacoleira. O salário que a gente ganha não é suficiente e também devido à idade também não conseguiria outra oportunidade de trabalho. Aqui, ganho para comida, para gasolina – exemplifica.
Já Dayana Freire Procópio, 29 anos, começou a vender roupas usadas a partir de desapegos do próprio guarda-roupas. Formada em Administração de Empresas e experiência na área administrativa em imobiliária e mecânica, se encontrou no comércio informal de roupas. Além de expor peças na Praça Otávio Rocha, também comercializa pela internet.
– Muitos começaram a vender roupas por causa da crise. Mas quem continua é porque gosta. Isso é uma coisa que me realiza – conta Dayana, que calcula uma renda média bruta de R$ 3,5 mil por mês.
Inscrições
/// Há 20 vagas para expositores que quiserem participar das feiras na Praça Otávio Rocha e mais 20 na Travessa Mário Cinco Paus. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas na sede da associação, na Rua Dr. Flores, 106/1018, das 10h às 12h. É necessário apresentar RG e comprovante de residência. Também há vagas para 50 expositores para atuação na Usina do Gasômetro no dia 30 de abril.
/// Quando chega, o empreendedor pode receber ajuda para montagem das araras e até mesmo com empréstimo de peças para vender. Assim que estiver organizado e em condições, passa a colaborar com a associação com a quantia que puder.