A exemplo do que ocorre desde 2012, a Carris prevê fechar o ano mais uma vez no vermelho. O prejuízo deve ser semelhante ao de 2016, quando a prefeitura teve que aportar R$ 55 milhões nos cofres da empresa. Somente no primeiro semestre de 2017, a previsão é de que o rombo alcance R$ 20 milhões.
Entre as causas para o desequilíbrio, segundo a companhia, está o índice de gratuidades. Em Porto Alegre, mais de 34% dos passageiros são isentos da tarifa. O índice também inclui a segunda passagem grátis, instituída através de decreto pelo ex-prefeito José Fortunati (PDT) em julho de 2011. Até então, os usuários pagavam a primeira passagem inteira e metade da segunda.
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– A gratuidade tem consequências dentro da administração, na Carris e nas outras empresas. O que a gente sabe é que nós precisamos fazer a nossa parte. Elas (gratuidades) têm um impacto. O número do passageiro equivalente vem caindo ao longo dos anos – relata a presidente da Carris, Helen Machado, que assumiu a empresa na última segunda-feira.
A burocracia na compra de veículos e insumos, a qualidade dos ônibus e a operação de linhas transversais também são citadas como fatores que encarecem a atuação da companhia pública. Todas as compras são realizadas através de licitação.
Projeto
De acordo com a presidente, projetos estão sendo concluídos para a qualificação da Carris. Ela evita adiantar os detalhes, mas narra algumas iniciativas adotadas. A padronização da frota, que hoje conta com cinco modelos de ônibus diferentes, é estudada. No entanto, a ação não traria resultados imediatos.
Outros programas são planejados, com foco nos servidores e em processos internos da empresa, mas ainda não trazem a expectativa de redução de custos ou de aportes para os próximos meses.
Privatização
Em diversas oportunidades, o prefeito Nelson Marchezan Junior defendeu a privatização da Carris, caso os prejuízos dos últimos anos sejam mantidos. Ele também citou a possibilidade da retirada dos cobradores dos ônibus. Segundo o prefeito, a medida traria economia e reflexos nas passagens. No entanto, a atual administração da empresa não se posiciona conclusivamente sobre os temas.
Rombo
Em 2012, a prefeitura aportou R$ 5,3 milhões nos cofres da Carris. No ano seguinte, o valor pulou para R$ 28 milhões. Já em 2014, foram injetados R$ 49 milhões. Em 2015, o montante ficou em R$ 48 milhões e no ano passado o rombo foi de R$ 55 milhões.
Empresa
A Carris possui atualmente 1.866 servidores (2.318 contando com os inativos). O número de cargos em comissão (CC) caiu de 27 no ano passado para 19 em 2017. A diretoria não foi indicada politicamente. A escolha ocorreu através do Banco de Talentos, instituído nesse ano pela prefeitura.