A confirmação de que o governo federal não vai mais repassar recursos para a construção de uma linha de metrô em Porto Alegre coloca uma questão: sem o transporte subterrâneo, qual seria a alternativa para melhorar o trânsito na Zona Norte?
Em 2013, o traçado da obra já havia sido reduzido em 30% para se adequar o orçamento previsto – iria do Centro ao Terminal Triângulo, totalizando 10,3 quilômetros, e não mais os 14,8 quilômetros originais até Fiergs.
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Professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luiz Afonso Senna afirma que, ao longo dos anos em que se discutiu a construção do metrô, deixou-se de fazer investimentos de menor custo que poderiam gerar resultados positivos no trânsito. O docente cita como alternativas ao metrô a construção de corredores de ônibus, aperfeiçoamento dos já existentes e implantação do sistema Bus Rapid Transit (BRT).
– E não adianta construir 10 quilômetros de metrô. As cidades que têm metrô possuem 500 quilômetros. São Paulo, que é uma cidade com uma rede muito modesta, tem 100 quilômetros de metrô. Dez quilômetros para uma cidade que movimenta só no setor de transporte público quase 2 milhões de passageiros por dia não é nada, porque só vai interligar um pedacinho da cidade. Isso não significa que não seja bom ter metrô. Mas, aos custos reais para ser construído, é algo irrealista – avalia Senna.
Apesar de os BRTs serem constantemente elogiados por especialistas em transporte, em Porto Alegre, onde foram pensados para a Copa de 2014, não significaram uma grande transformação. A pavimentação de corredores foi refeita, utilizando concreto; porém, outros elementos que caracterizam a modalidade não chegaram a ser implantados: embarque rápido, veículos maiores, bilhetagem eletrônica e informatização de horários. Ou seja, não resultou em mais agilidade.
– O que vamos fazer com a Assis Brasil? É uma boa pergunta. Vamos colocar um BRT lá? Ok, mas não sabemos isso. Aquilo estava em stand by esperando o metrô – afirma o doutor em Transportes João Fortini Albano, também professor da UFRGS.
O especialista sustenta que o que o ônibus mais próximo do metrô é o BRT:
– Transporte de massa que existe por aí é trem metropolitano, que nós já temos no eixo da BR-116; metrô, que é enterrado; e ônibus. E o ônibus mais identificado com transporte de massa é o BRT, que trafega em corredores exclusivos e com veículos de 140, 170 passageiros. (O BRT) tem trajeto livre, se desloca com menor tempo, atrai bastante usuários. Não dá tanta vazão quanto o metrô, mas é um transporte de massa.