No segundo sábado de Carnaval na Cidade Baixa, teve calor intenso, teve pancadas de chuva, teve samba e até MPB. Mas o que mais chamou a atenção foi a animação dos foliões, que não se intimidaram pelas intempéries. Ao contrário do último final de semana, quando três blocos agitaram as ruas do bairro – e acabaram dispersando o público –, neste sábado a banda DK, fundada em 1970, manteve juntos os milhares de foliões ao longo de todo o percurso. Com início às 17h, o caminhão de som percorreu a Rua da República, José do Patrocínio, Praça Garibaldi, Aureliano de Figueiredo Pinto, João Alfredo, terminando novamente na República.
Na avaliação de ZH, veja como estava a estrutura da folia:
FUNCIONOU
Público
Entre os milhares de foliões que estiveram presentes no Carnaval de rua, muitos vieram de outras cidades, e até Estados, para aproveitar a festa no tradicional bairro de Porto Alegre. Foi o caso do aposentado Jorge Luiz Lourenço, de 58 anos. Gaúcho, ele mora há 10 anos em Salvador, mas fez questão de vir para o sul com a família durante o feriado.
– Eu adoro o Carnaval daqui, pois ele é feito pela comunidade, pela gente do bairro, e sempre com muita alegria.
A animação dos foliões foi o que também motivou Bianca Pereira, 35 anos, Tanise Cruz, 30, e Ana Paula Fuchs, de 28, a virem de São Sebastião do Caí para a Capital.
– Conseguimos aproveitar sem medo de violência, com um clima tranquilo e músicas boas – comentou Bianca.
Animação
Crianças, adultos e idosos não pouparam energia na hora de cair na folia. Acompanhando a banda – e cantando alto junto com os músicos –, os foliões lotaram as ruas da Cidade Baixa durante toda a tarde e noite, se divertindo com os jatos de espuma e com a criatividade das fantasias.
Segurança
Com um efetivo reforçado, a polícia repetiu a estratégia da última semana, que garantiu a segurança dos foliões. Além de uma viatura da BM que ficou parada na rótula das ruas João Alfredo e República, três viaturas da EPTC e outras três da Guarda Municipal circularam pelas ruas do bairro durante toda a festa. De acordo com o tenente Vernei Lopes, do 9º Batalhão da Brigada Militar, 56 agentes da BM acompanharam o Carnaval de rua, e contaram com o reforço do Batalhão de Operações Especiais e do 8º Esquadrão de Cavalaria. Até as 22h, não houve registro de nenhuma ocorrência na região.
Apenas um bloco por dia
Se na semana passada os três blocos que tocaram na Cidade Baixa dividiram opiniões, – já que muitos reclamaram sobre o público ter ficado disperso –, neste sábado a maioria se dizia satisfeita por ter apenas uma alternativa. Para a advogada Marina Lopes, 33 anos, dessa forma todos puderam curtir o Carnaval juntos:
– Semana passada não vimos muitos dos nossos amigos porque cada um estava em uma rua diferente. Hoje, apesar da muvuca, sabemos que estão todos no mesmo local e estamos encontrando muito mais gente – comentou a jovem.
NÃO FUNCIONOU
Banheiros químicos
Reclamação recorrente nos carnavais de rua da Cidade Baixa, a falta de banheiros químicos no trajeto do bloco seguiu incomodando os foliões neste sábado. A reportagem localizou apenas um local com boa quantidade de banheiros – porém com filas muito grandes. Após mais de 20 minutos esperando na fila, o empresário Julio Alves, 40 anos, comentou que já havia reclamado para a coordenação do evento sobre o problema em mais de uma ocasião:
– Parece que ninguém dá bola, porque isso segue acontecendo. Eu, por exemplo, já perdi metade do trajeto do bloco de tanto tempo que estou na fila. Vou ter que sair correndo depois pra alcançar meus amigos – relatou.
Bebidas e comidas
Apesar da grande quantidade de carrinhos vendendo água, cerveja e outros drinks, centenas de foliões preferiram trazer suas bebidas dentro de coolers. A justificativa de muitos era o alto valor dos produtos vendidos pelas ruas, além das grandes filas nos bares. A grande quantidade de vendedores ambulantes, aliás, incomodou alguns foliões, que reclamaram de terem sido atingidos pelas caixas de isopor. Já para repor as energias, a maior oferta era de churrasquinhos que, como sempre, não decepcionaram.
Atendimento Médico Móvel
A reportagem avistou somente uma ambulância na Rua da República, perto do ponto de partida do bloco.
Lixo
Apesar do esforço dos catadores e de participantes da festa, que juntavam as latinhas vazias pelo chão, muita sujeira permaneceu pelas ruas por onde o bloco passou. Além de garrafas, papéis e embalagens de alimentos, o forte cheiro de urina denunciava que muitos não quiseram esperar na fila do banheiro.