A prefeitura não deverá arcar com os custos do Carnaval de Porto Alegre em 2017. A definição foi feita pelo prefeito Nelson Marchezan em uma reunião na tarde desta sexta-feira com secretários municipais. Ele deixou claro que não há dinheiro no cofre.
– Não é uma questão de escolha. A prefeitura simplesmente não tem dinheiro. Se estamos com dificuldade para pagar as creches e os salários dos servidores, não podemos liberar R$ 7 milhões para o Carnaval – reforça Marchezan.
O evento já havia sido transferido para meados de março em virtude das incertezas financeiras. Mas a decisão desta sexta-feira pegou de surpresa o presidente da Liga Independente da Escolas de Samba de Porto Alegre (Liespa), Juarez Gutierrez.
– Teremos uma reunião na segunda-feira com a prefeitura e vou também me reunir com os representantes das entidades carnavalescas. Só depois emitiremos uma posição oficial, também conhecendo, afinal, qual a posição do município – diz o carnavalesco.
A festa estaria orçada, conforme as estimativas do município, em R$ 7 milhões entre os cachês às escolas de samba e a infraestrutura do sambódromo (arquibancadas, iluminação e sonorização). Se, de um lado, Marchezan alega que não há recursos, de outro, Juarez reivindica que os R$ 2,1 milhões para os cachês das 26 entidades carnavalescas precisam do pagamento pelo poder público.
– Isso está na lei, o fomento a uma data que é oficial no calendário do município. Nós já havíamos nos comprometido em buscar as parcerias para custear a infraestrutura do sambódromo, e iniciamos esse trabalho. Mas exigir que sejamos autossustentáveis de uma hora para outra é impossível. As escolas firmaram compromissos durante todo o ano – critica o carnavalesco.
Para a reunião das 9h de segunda, o secretário municipal da Cultura, Luciano Alabarse, deve reforçar a necessidade de que as entidades carnavalescas busquem alternativas com a iniciativa privada. Algo que, segundo Juarez, já é feito todos os anos pela organização das escolas de samba.
– O objetivo é também buscar um modelo sustentável, para que uma festa tão importante como essa não fique na dependência de recursos públicos – diz o secretário.
O próprio prefeito se disponibilizou a conversar com empresários para buscar recursos.
Volta às ruas não é descartada
Entre os carnavalescos já havia um temor de que a prefeitura não custeasse o evento. Uma possível alternativa seria a retomada do Carnaval de rua, com estruturas mais modestas.
– Meu único compromisso com os carnavalescos de Porto Alegre é fazer o desfile de Carnaval. Onde e como, vai depender do que teremos disponibilidade – diz Juarez Gutierrez.
A probabilidade de que a festa não ocorra no Complexo do Porto Seco também surpreende ao comando do policiamento da Capital, da Brigada Militar. Fora dali, acredita o coronel Mario Ikeda, a segurança estará comprometida.
– No sambódromo nós temos toda uma estrutura controlada, com portões, monitoramento das pessoas que circulam e um perímetro bem demarcado para a ação da Brigada Militar. Uma festa de rua, por exemplo, envolveria outros fatores que ainda precisariam ser bem analisados – diz.
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A possibilidade de uma grande Descida da Borges – evento que acontece na Avenida Borges de Medeiros, no Centro –, segundo o oficial, exigiria uma discussão. Repetir as operações já feitas nestes eventos, segundo ele, não é adequado.
– Nós fazemos operações específicas para esses eventos, mas o porte é sempre muito menor do que o desfile das escolas de samba – diz.
Uma edição da Descida, porém, já registrou 30 mil pessoas, enquanto a capacidade do sambódromo não ultrapassa os 10 mil ocupantes.
Independentemente do local onde a festa acontecer, precisará passar, de acordo com o comando do Corpo de Bombeiros, por uma avaliação e por um plano de prevenção contra incêndio. Este deverá ser outro desafio financeiro e contra o tempo para a Liespa possivelmente ter de resolver sem a parceria com a prefeitura até o Carnaval.