Na noite da próxima terça-feira, dia 13 de dezembro, o pátio do Asilo Padre Cacique será, pela 21ª vez, o cenário para a representação da noite na qual nasceu o Menino Jesus. O Diário Gaúcho acompanhou um dos ensaios do espetáculo que já está emocionando quem acompanha o empenho dos "atores" – ao todo, o presépio vivo contará com a participação de cerca de 40 pessoas em cena, entre moradores do asilo e voluntários. A preparação começou dia 24 de outubro.
– Eu fico bem emocionada, choro. Adoro o Natal – comentou a moradora Yeda da Silva Costa, 92 anos.
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Como o roteiro não prevê falas, a história é contada por um narrador, o que exige dos atores atenção com o gestual e maior capricho nas expressões faciais.
– O narrador diz que o anjo causa surpresa, então eles precisam fazer cara de espanto _ explica a recreacionista Cadine Piazera, que coordena os ensaios.
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De acordo com Cadine, assim como a quadrilha na festa junina, a encenação do Natal é esperada com ansiedade pelos idosos. Também pudera: as árvores são iluminadas por refletores, o pergolado é transformado em gruta, os personagens contam com figurino e até o Menino Jesus é representado por um bebê de verdade – nesta edição, pela filha de uma funcionária que nasceu recentemente.
– Eles ficam bem compenetrados, focados. Nós acompanhamos a fala do narrador e fazemos sinais para eles – explica.
O Natal é uma data que emociona a todos e não é diferente entre os vovôs e vovós que vivem no asilo. Conforme a recreacionista, aqueles cujo vínculo familiar está rompido, ou não têm parentes encontram na apresentação de Natal uma oportunidade de serem vistos, na expectativa de encontrar alguém conhecido.
– Eles gostam bastante de participar. Hoje eles têm bastante atividades, então preenchemos o vazio. Mas claro que não substitui a família.
Eles adoram participar
Moradora do asilo há cinco anos, Vilma Jacinto Mazarem, 79 anos, coleciona papéis desempenhados no espetáculo – Maria e Isabel os de maior destaque – e neste ano faz parte do grupo de pastores que vai até a gruta adorar o Menino Jesus.
– Eu tenho sempre boa vontade em ajudar o nosso asilo. Aqui é a nossa casa, é um céu, e eu gosto muito de participar – revela a moradora, que também faz parte da roda de samba do Padre Cacique, tocando agogô.
Mesmo experiente na representação teatral, Vilma conta que continua sentindo um friozinho na barriga.
– Ver tudo iluminado, tomado de gente, emociona – destaca.
Outro ator que conhece bem as marcações da peça é Nadir Jardim, 71 anos. Há três anos, ele empresta o porte elegante para dar vida a um dos três reis magos, Baltazar, que ofereceu ouro ao recém-nascido. É ele quem acena para o céu, apontando a estrela de Belém que guiou o caminho até a manjedoura.
– Eu gosto de participar. Não tenho vergonha – disse.
Já o papel de Maria coube à Loreni Agüero, 62 anos, voluntária há 17 anos, membro do conselho e regente do coral.
– A emoção será ainda maior porque teremos uma criança de verdade (no ensaio, ela carregava uma boneca) – concluiu Loreni.
No dia da apresentação, Loreni que será acompanhada por José, vivido por um morador do asilo. No ensaio, a moradora Avani Benites, 72 anos, que fará uma pastora, substituiu José.
Programe-se
/// A encenação será dia 13 de dezembro, a partir das 21h, aberta ao público, que poderá começar a chegar um pouco antes, pelas 20h.
/// O Asilo Padre Cacique fica na Avenida Padre Cacique, 1178, Menino Deus, na Capital.