A Polícia Civil está aguardando o resultado de perícias para concluir a apuração das circunstâncias do incêndio que atingiu o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) há uma semana, em Porto Alegre.
Conforme o delegado Max Ritter, há indícios de que o ataque visava a prejudicar investigações policiais que verificam suspeitas de irregularidades em contratos com empresas terceirizadas.
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Pelo menos 12 testemunhas já prestaram depoimento na Delegacia de Repressão a Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária (Deat). A partir de perícia preliminar, a polícia já tem convicção de que o incêndio foi criminoso, ou seja, foi provocado e não acidental. O DEP não tem sistema interno de câmeras de segurança, mas a polícia está analisando imagens registradas por equipamentos de rua.
O diretor-geral do DEP, o engenheiro Renê José Machado de Souza, confirmou, nesta segunda-feira, que uma sindicância foi instaurada para apurar questões administrativas, como identificar todas as pessoas que trabalham ou tiveram acesso ao setor atingido pelo fogo, que é onde funciona a procuradoria jurídica do DEP.
O incêndio ocorreu na madrugada da segunda-feira, dia 17. Por um buraco no telhado, criminosos jogaram um produto combustível na sala da procuradoria e atearam fogo em armários e computadores.
No local ficam armazenados processos administrativos, de licitação e de contratações do DEP. Segundo o diretor, se a intenção era atingir processos que estão sob investigação, foi frustrada. Souza explicou que os documentos que são alvo da investigação da polícia e do Ministério Público estão escaneados e armazenados no servidor da Procempa.
Em julho, ZH revelou numa série de reportagens que o DEP pagava a terceirizadas por serviços não feitos. Foi comprovado que a empresa JD Construções cobrava pela limpeza de bueiros que não existem nas ruas. Depois de apuração interna feita pela prefeitura, que confirmou as irregularidades, a empresa aceitou devolver ao DEP R$ 4,9 milhões.
As investigações na polícia e no MP prosseguem.