Sentadas a uma mesa na parte interna do Cisne Branco, que reinaugurou os passeios no Guaíba na manhã desta quarta-feira, duas senhoras conversavam animadamente, apontando de tempos em tempos para fora da janela.
– Olha ali, o gado tomando água no Guaíba – impressionou-se Leda Terezinha Ognibeni Castro.
Ao lado da irmã Maria da Graça Ognibeni, 68 anos, a octogenária não disfarçava a empolgação de andar pela primeira vez em um dos principais pontos turísticos de Porto Alegre, onde nasceu, cresceu e vive até hoje, no bairro Menino Deus. Aproveitou a reestreia do barco depois do vendaval que o colou de cabeça para baixo por quase 60 dias no fim de janeiro para reparar o lapso turístico. Vestida com uma camisa estampada, colete azul e um batom vermelho nos lábios, ela pediu água com limão e bolinhos de queijo enquanto sua memória remontava à paisagem em um tempo diferente, quando era possível banhar-se no lago e "enxergar os pés" no fundo da água.
–Estou que nem criança: extasiada.
Leda era provavelmente a criança mais experiente entre os cerca de 200 passageiros que embarcaram para a viagem com uma hora de duração pelas ilhas do Guaíba, mas estava longe de ser a única. Dezenas de famílias aproveitaram o feriado de Nossa Senhora Aparecida para levar os pequenos na aventura gratuita – até o dia 19 de outubro, outras viagens grátis serão realizadas diariamente às 9h e às 13h30min.
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De olhos vidrados em uma lancha que passava pelo barco, Caio Rosa Gomes, quatro anos, é mais experiente em passear no Guaíba. Acompanhado da mãe, Marcia Rosa, o pequeno morador da zona norte da Capital já tinha andado de catamarã. Não soube escolher a embarcação favorita.
– Gostei dos dois – disse, sentado à proa.
Laura Caon, dois anos, também é veterana em passeios de barco. Mas aproveitou a primeira vez no Cisne Branco para desbravar cada cantinho. Acompanhada dos pais, Glauco Caon e Paula Machado, subiu e desceu as escadas diversas vezes, escalou os bancos do deck e curtiu a vista do Guaíba no colo.
– A gente já tinha vindo à noite, em festas, mas ela ainda não. Estávamos torcendo para o barco voltar. É um reencontro com a cidade –conta.
Totalmente recuperado após meses de trabalho intenso, o Cisne Branco teve sua capacidade aumentada para 300 passageiros. Foram substituídas a fiação elétrica, as chapas de ferro do casco, o motor, o mobiliário, as janelas e o forro dos tetos. A embarcação também recebeu nova pintura interna e externa. Acompanhante da criança mais empolgada da reestreia do barco famoso no Guaíba, a aposentada Maria da Graça Ongnibeni, que conheceu o modelo antigo, aprovou a nova versão.
– Quando vim pela primeira vez, a boate era vermelha. Agora está preta. Achei mais bonita assim – disse.
Além das viagens gratuitas, a programação normal retorna com os passeios diários às 10h30min, às 15h, às 16h30min e com o happy hour às 18h. No fim do mês, tem início uma programação especial, com mostra fotográfica que se estende até o fim da Feira do Livro. No fim de novembro, o barco fará um roteiro hidro-rodoviário até Santa Cruz do Sul.