Tratados como estrelas, um grupo de amadores disputou um jogo festivo no ginásio do SESC Petrópolis, em Porto Alegre, na manhã deste sábado. Eles não mandaram mal com a bola no pé, mas o exemplo que queriam dar era outro.
– Fizemos uma demonstração de que o transplante e a campanha de doação de órgãos podem dar certo – diz Filipe Nunes, 18 anos, um dos onze transplantados cardíacos que participaram da partida.
A ação abriu um torneio comemorativo aos 50 anos do Instituto de Cardiologia e lembrou também o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, que será celebrado na próxima terça-feira, 27 de setembro. Os transplantados fizeram dois times: Bate Coração e Coração Valente. O placar ficou 3x2 para o primeiro, ao final dos dez minutos de jogo, mas ninguém saiu da quadra de cara fechada.
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– Foi divertido – sintetiza Filipe, que, 14 anos depois do transplante, trabalha como técnico em enfermagem no Instituto.
O incumbido pelo kick-off foi o professor aposentado João Carlos Cechella, 63 anos, o mais longevo receptor de coração do Estado. Há 27 anos, ele fez o transplante que lhe assegurou a vida e também devolveu sua maior paixão: o esporte.
– Eu cheguei a ser campeão estadual de natação em 1967, mas a doença evoluiu a um ponto que eu não tinha mais condições de fazer atividade física. Um ano depois da cirurgia, eu voltei a dar aulas de Educação Física, a praticar basquete, futebol. Hoje a carcaça está velha, mas sigo fazendo caminhada e natação leve – diz Cechella.
Garoto propaganda convicto na divulgação da importância da doação de órgãos, ele não deixa que o nome do seu doador, o seu "anjo da guarda", seja esquecido, e se mostra muito grato por um outro presente que a cirurgia lhe trouxe:
– A filha do doador virou minha filha do coração. Cheguei a entrar com ela na Igreja para seu casamento em 2007.
Na arquibancada, o técnico em enfermagem Eliezer Vieira, 31 anos, também curtiu a iniciativa.
– Esse jogo lembra que a morte não precisa ser o fim de tudo. A gente pode estar salvando outras vidas através de uma boa iniciativa que é a doação de órgãos – disse.
Para ser doador de órgãos, é fundamental comunicar o desejo à família.