Uma pesquisa sobre o uso de serviços de transporte individual em Porto Alegre, feita por alunos da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aponta que os usuários preferem o Uber ao táxi na Capital. Em todos os quesitos avaliados, o serviço que funciona a partir de um aplicativo foi melhor, sendo carros limpos, motoristas pacientes e viagens mais seguras alguns dos motivos para a escolha.
Foram ouvidas 320 pessoas, com média de idade de 30 anos, em oito bairros de Porto Alegre. Participaram usuários das duas formas de transporte, incluindo motoristas, representantes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e de associações de taxistas. A uniformidade na boa prestação do serviço – o que indica uma espécie de padrão de qualidade – e a tarifa cobrada foram os grandes destaques a favor do aplicativo, que ainda não é regularizado na capital gaúcha.
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Na avaliação, foram abordados, além da satisfação geral com táxi e Uber, temas como a possibilidade de sofrer assédio sexual e violência, estado de conservação dos veículos, credibilidade dos condutores e período de utilização, entre outros. Apenas as variáveis "conhecimento de rotas" e "a probabilidade de ser agredido pelo motorista" mantiveram níveis parecidos, não sendo influenciadas pelo tipo de serviço utilizado.
– Os motoristas do Uber têm sido vistos como muito tranquilos para dirigir, atenciosos, preocupados com o atendimento dos clientes. Na percepção dos entrevistados, isso é diferente do que acontece nos táxis – explica o professor Walter Nique, orientador da pesquisa.
Além de avaliações menos satisfatórias que o concorrente quanto ao preço, aos motoristas e aos veículos utilizados, o táxi também foi percebido como um meio de transporte mais "arriscado": na pesquisa, os usuários apontaram maior probabilidade de serem agredidos ou assaltados do que no Uber. A insegurança é consideravelmente maior para as mulheres, que relataram preocupação maior que os homens tanto nos táxis quanto em carros do Uber.
A pesquisa não confirmou algumas suposições dos alunos. Eles acreditavam que os usuários idosos apresentariam maior insatisfação que os jovens quanto à forma de pagamento por meio do aplicativo – que, no caso do Uber, só aceita cartão de crédito. Outro pressuposto que não se confirmou nas entrevistas foi a de que os taxistas conhecem melhor os caminhos da cidade que os motoristas parceiros do Uber: ambos apresentaram taxas parecidas de satisfação.
Os pesquisadores esperam que esses dados possam ser utilizados como instrumento na busca de melhorias nos serviços. Eles apontam que há poucos dados acessíveis em relação ao serviço de transporte público em Porto Alegre, e que empresas como o Uber relutam em divulgar informações sobre sua frota. O levantamento tem nível de confiança de 95% e margem de erro de aproximadamente seis pontos percentuais.