Em meio a apurações de irregularidades no Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), o prefeito José Fortunati está avaliando qual deve ser o perfil do novo diretor-geral.
Os depoimentos e outras informações já reunidos nas investigações pela Procuradoria-Geral do Município (PGM) apontam para a importância de o órgão ser comandado por um técnico. Na mão de gestores ligados à política nos últimos 16 anos, o DEP se tornou um emaranhado de serviços sem controle efetivo, muitas vezes guiados por interesses de partidos.
– Independentemente de ser técnico ou não, o importante para a prefeitura e para a cidade é que o titular de cada pasta esteja apto e desempenhe de forma correta e ética as suas funções – explicou Fortunati ao ser questionado por ZH sobre a necessidade de técnicos comandarem áreas que exigem conhecimentos específicos.
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As investigações em andamento foram determinadas pelo prefeito em julho, depois de Zero Hora publicar uma série de reportagens revelando que o DEP pagava pela limpeza de bueiros que não existiam e que havia descontrole na fiscalização de serviços.
Com a revelação, o então diretor-geral, Miguel Barreto (PP), e o seu adjunto, Francisco Mellos (PMDB), pediram afastamento dos cargos pelo período das apurações, ou seja, seria temporário. Fortunati vai aguardar a conclusão do trabalho da PGM para decidir sobre a direção, mas a expectativa é de que os dois afastados não retornem.
A última vez que o DEP esteve sob gestão de um engenheiro foi entre janeiro de 1999 e janeiro de 2001.
Desde então, agentes ligados a partidos têm comandado o departamento. Neste período, o diretor que mais tempo ficou no cargo (2005-2012) foi Ernesto Teixeira (PMDB), contador e com formação em administração de empresas vinícolas. Depois, entrou Tarso Boelter (PP), que estudou Sociologia e saiu do DEP para concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores.
Miguel Barreto (PP), agente aposentado da Polícia Federal assumiu a direção em março deste ano e se afastou em julho. O departamento está agora sob o comando interino do procurador-adjunto do município, Lieverson Perin.
Um comando técnico para o órgão é defendido por entidades de classe e pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RS). Para o Crea, o DEP deveria, inclusive, se tornar uma diretoria dentro do Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae).
– Existem redes mistas na cidade, parte de responsabilidade do DEP e parte, do Dmae. A população se confunde, não sabe de quem é o problema. Se o DEP fosse absorvido, haveria enxugamento da parte burocrática e administrativa e os recursos técnicos seriam direcionados para facilitar o atendimento à sociedade – afirma Melvis Barrios Junior, presidente do Crea-RS.
Direção pediu afastamento
A direção do DEP pediu afastamento depois que denúncias de superfaturtamento em cobrança de limpeza de bueiros foram divulgadas por reportagem de Zero Hora.
O diretor-geral, Miguel Barreto, e o diretor-adjunto, Francisco Mellos, entregaram carta ao prefeito José Fortunati.
– Entendo como um gesto de grandeza dos dois, permitindo que se faça uma apuração sem dúvidas e sem sobressaltos – ressaltou o prefeito.