Cinco dos 20 monumentos da Redenção que foram recuperados e entregues oficialmente no dia 31 de julho pelo Projeto Construção Cultural, do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS), não conseguiram completar o primeiro mês sem ser alvo de vandalismo.
O busto do ex-prefeito Alberto Bins foi destruído: restaram apenas os ombros, um pedaço do pescoço e o nó da gravata. Já nos casos da Imperatriz Leopoldina, ao lado do viaduto da Avenida João Pessoa, e do busto de Luiz Englert, junto à rua homônima, nem isso restou, pois as peças foram levadas. Também foram registrados danos, mais sutis, no Monumento a Francisco de Assis Brasil e no Monumento a João Wesley. De acordo com Paulo Ratinecas, coordenador do projeto que realizou a revitalização, a possibilidade de realizar novamente a recuperação dos monumentos será discutida em reunião nesta quarta-feira.
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O coordenador de Memória e Cultura da Secretaria Municipal de Cultura (SMS) de Porto Alegre, Luiz Antônio Custódio, descarta a possibilidade de roubo para venda do material.
– Foram feitos em resina, material não comercializável. Existe muito vandalismo puro, e ele tem sido uma constante: ocorre cada vez mais, seja arrancando pedaços, seja pichando – lamenta.
Custódio destaca que a solução para o vandalismo envolve questões de segurança e de educação, passando por discussões como o cercamento da Redenção, que deve ser decidida em plebiscito. O doutor em história da arte José Francisco Alves, que e é autor de livros como A Escultura Pública de Porto Alegre, defende o cercamento, ressaltando que é de noite que ocorrem os ataques aos monumentos. Embora acredite que Porto Alegre é a cidade "que mais sofre com depredação da arte pública em tempos de paz", admite que se surpreendeu com a velocidade com que os monumentos foram vandalizados dessa vez.
O vice-presidente gaúcho do Instituto de Arquitetos no Brasil (IAB), Rafael Passos, acredita que o cercamento não poderia garantir mais segurança no parque – pondera que, a insegurança poderia até aumentar – mas diz que, do ponto de vista patrimonial, há expectativa para a execução do cercamento eletrônico.
Apontada como aliada no combate ao vandalismo na Redenção, a instalação de 21 novos pontos de videomonitoramento está prometida ainda para este ano. Atualmente, há apenas cinco câmeras.
– O chamado cercamento eletrônico será uma grande ferramenta, para cobrir todo o Parque Farroupilha – diz o comandante Luiz Antônio Souza Pithan.
Ele afirma que há um sistema de patrulhamento no parque, mas o efetivo da Guarda Municipal é reduzido. Portanto, destaca a necessidade da realização de denúncias pelo fone 153 em casos de vandalismo.