Taxistas da Capital saíram em carreata por importantes vias da cidade na manhã desta quarta-feira. A manifestação começou por volta das 11h30min e terminou no fim da tarde na Câmara dos Vereadores, com o discurso do vereador Cláudio Janta (Solidariedade), já conhecido por apoiar a categoria.
A manifestação foi feita para pressionar os vereadores de Porto Alegre, que avaliam o Projeto de Lei 014/16, apresentado pela prefeitura para regulamentar o serviço de transporte individual privado de passageiros – caso do Uber e do recém-chegado WillGo. Os taxistas também quiseram mostrar aos porto-alegrenses a união da categoria, na expectativa de reverter a impopularidade e a crise no serviço de táxi do município.
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O protesto foi convocado pela União dos Taxistas Profissionais de Porto Alegre (Unitaxpoa), uma associação criada há cerca de 20 dias por um grupo de seis taxistas insatisfeitos com o trabalho do Sindicato dos Taxistas (Sinditáxi). A nova associação espera representar apenas os motoristas – e não permissionários. Além de ser contra o Uber, os taxistas reclamavam da diminuição das corridas também em decorrência da crise econômica.
– O táxi sempre foi o termômetro das crises. As pessoas param de gastar e o táxi entra aí – disse Paulo Ferreira, um dos membros da organização.
Além disso, Ferreira destaca que, de cada 10 corridas realizadas no período da noite, sete vêm sendo realizadas pelo Uber. Gilmar Gonçalves de Bastos, 51 anos, é taxista há 35. Ele participou do protesto e está preocupado com o futuro da atividade profissional. Marcos Cézar Magalhães, o Paulista, presidente do grupo, afirmou que existe hoje o risco da extinção da categoria.
– O serviço caiu tanto que trabalho 12 horas, mas não dá nem para o feijão com arroz – destaca.
É também o caso de Emerson Mengue, taxista há 10 anos. Em função da baixa procura, ele atrasa contas e pensa em tirar o filho de três anos da escola particular.
– A gente corta os custos que pode e atrasa uma conta em um dia, outra conta dois dias – confessa.
O protesto partiu da Avenida Padre Cacique por volta das 11h30min e bloqueou parcialmente importantes vias da Capital, como Ipiranga, Terceira Perimetral, a área do entorno do monumento do Laçador, próximo ao aeroporto, Avenida Farrapos, Mauá e Loureiro da Silva. A EPTC monitorou a carreata e registrou congestionamento e lentidão no trânsito. Em alguns momentos, motoristas irritados com o congestionamento xingavam os taxistas, que respondiam com o argumento de que a manifestação era justa. Nos vidros dos carros, motoristas expunham cartazes com frases como "Fora Uber" ou "Uber clandestino e sem regras".
O término da carreata foi em frente à Câmara Municipal, onde nesta quarta haveria uma audiência pública – remarcada para 5 de julho, no Gigantinho, a fim de ter mais espaço para receber a população. A Unitaxpoa pretende fazer uma nova manifestação também no dia da audiência pública.
– O Uber quer entrar no mercado para depois colocar o preço que quiser nas viagens. Isso é privatização – reclama o presidente do grupo, Marcos Cézar Magalhães.