O muro da Mauá virou uma grande tela para 30 artistas no último sábado. Da entrada principal do cais até o cruzamento com a Avenida Padre Thomé, a estrutura recebeu novas pinturas com o tema A Cidade e as Pessoas. É a sexta vez desde 1994 que é realizada uma intervenção artística buscando destacar o muro na paisagem urbana.
– Ficou incrível. Tem desde a linguagem do grafite à pintura acadêmica – diz André Venzon, idealizador e curador do projeto Arte no Muro.
Leia também:
POA ganha nova feira ecológica: saiba onde e quando funcionam todas elas
Porto-alegrense atende em domicílio quem a contrata para ler
Especial: cem pessoas que vivem na Capital contaram suas histórias
Muitas das obras buscaram representar a paisagem que fica escondida atrás da estrutura.
– Ao mesmo tempo em que a gente tenta oferecer para a cidade certa beleza, muitos artistas procuraram convidar a pensar sobre a presença do muro ali, sobre o bloqueio da paisagem – observa a artista plástica e professora Marilice Corona, 52 anos.
A pintura do muro ganhou um quê de museu, com placas divulgando a ficha técnica e uma avaliação do curador ao lado de cada obra. Isso chamou a atenção da funcionária pública Lusane Soares, 52 anos, que se entreteve enquanto esperava o ônibus.
– A gente não sente o tempo passar. É interessante saber um pouquinho sobre o artista – diz.
A iniciativa foi patrocinada pelo Santander, como uma ação para celebrar o aniversário de 15 anos de sua unidade cultural, e teve o apoio da prefeitura de Porto Alegre. Os artistas receberam o valor de R$ 1 mil e os equipamentos necessários para a realização das obras.
Obra já foi alvo de vandalismo
Dois dias depois das novas pinturas serem feitas, uma obra já está pichada nesta segunda-feira. Trata-se do painel "Corte", assinado por Frantz, artista de Rio Pardo, que expunha um muro branco e intato com o objetivo de lamentar a separação entre o Guaíba e a cidade.
Não deve haver ações com a intenção de garantir a preservação das obras. Segundo o curador André Venzon, já estava previsto que haveria intervenções no trabalho em questão, e ele destaca que as obras no muro "são efêmeras".
– Não temos como cuidar para que não sofram pichações, que são também a realidade da cidade que nós vivemos por conta de uma série de outros fatores sociais que atuam no espaço urbano.
