Esta palavra, encontrada em bulas de remédio, vem do grego aitía e designa causa ou causalidade. Junto com arché, que aparece em "arqueologia" e designa fundamento, forma o binômio cardinal do pensamento científico clássico, estudo das causas e princípios. Inicialmente a física e a cosmologia, logo a seguir a filosofia, a medicina, o direito e a história, tomam estes conceitos para ultrapassar o plano das aparências e indagar sistematicamente o que está por trás dos fenômenos e atua como sua causa real. Esta investigação leva ao conhecimento do logos, a racionalidade própria de cada ente ou evento. Assim, mundo, corpo, guerra e cidade, cada qual tem seu logos, que não se confunde com a aparência, pois está em um segundo plano, com poder determinador. Pela primeira vez na história do pensamento, de Tales (séc. VI a.C.) a Aristóteles (séc. IV a.C.), a potência que causa o mundo não foi tida como de ordem divina, mas natural, pertencente ao domínio da physis, natureza, e passível de investigação e conhecimento pleno. Aitía, arché, logos e physis, quatro palavras gregas, e com elas a síntese do pensamento científico ocidental.
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Francisco Marshall: etiologia
Aitía, arché, logos e physis, quatro palavras gregas, e com elas a síntese do pensamento científico ocidental