As 141 unidades de saúde de Porto Alegre estão impedidas de distribuir medicamentos à população após uma resolução do Conselho Regional de Enfermagem proibir que os profissionais da área entreguem os remédios, função que deve ser exercida por farmacêuticos. Nesta terça-feira, apenas as 10 farmácias distritais da Capital realizavam a distribuição dos produtos e já apresentavam filas. As informações são da Rádio Gaúcha.
O secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, pretende pedir ao Ministério Público uma ação conjunta para que os postos de saúde voltem a fornecer medicamentos. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, na manhã de hoje, Ritter convocou o presidente do Coren, Daniel Menezes de Souza, para uma reunião urgente para solucionar o problema.
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– Estamos pedindo a intervenção do MP para uma ação conjunta, pois isso afeta todos os municípios do Estado – declarou Ritter.
De acordo com Souza, os profissionais de Enfermagem não possuem atribuições técnicas para realizar a entrega de medicamentos nos postos.
– Não estamos solicitando que a prefeitura pare de fornecer medicamentos à população. O Coren tem uma preocupação muito grande com a segurança da população – afirmou. E completou:
– Diversos profissionais da enfermagem se sentem sem habilitação e capacitação técnica que não lhes compete.
Em 2015, os conselhos regionais de enfermagem enviaram pareceres às administrações públicas informando sobre a resolução. Deste então, a prefeitura de Porto Alegre já realiza alterações na logística dos postos e novos concursos para a contratação de farmacêuticos.
– Montamos uma coordenação de assistência farmacêutica. Estamos mudando todo nosso processo de fluxo, gestores, no sentido de fazermos as coisas de forma consciente – destacou o secretário de Saúde.
– Tínhamos uma programação junto ao conselho de farmácia – lamentou.
Em busca de uma solução para o impasse, Ritter convocou Souza para uma reunião na tarde desta terça. O presidente do Coren, por sua vez, preferiu agendar o encontro.
Usuários foram pegos de surpresa
Uma das pessoas que foi afetada pela aplicação da resolução foi a doméstica Adenir Barbosa, de 62 anos. A filha dela tem paralisia cerebral e não conseguiu retirar os três medicamentos que precisava.
– Não sabia de nada, mas agora vou ter que ir no posto que mandaram eu ir, no Postão da Cruzeiro – afirmou.
Já a aposentada Carmelina Albertol, de 58 anos, teve de se deslocar por mais de duas horas nesta manhã, entre a ida e o retorno dos dois postos que ela foi. Primeiro, ela foi até a Unidade Básica do bairro Glória, na zona sul de Porto Alegre, quando foi informada de que não havia remédio. Depois foi até o Centro de Saúde Modelo, no bairro Santana.
– No meu posto, disseram que tem remédio, mas não tem profissional para entregar – contou.
Por causa da distribuição apenas nas farmácias distritais, a unidade da Cruzeiro, que fica no Postão, já registrava maiores filas do que o considerado habitual pelos funcionários.
*Rádio Gaúcha