A Capital ainda estava se recuperando do forte temporal que causou estragos na última sexta-feira, derrubando árvores e quebrando estruturas, quando uma nova chuvarada voltou a cair, trazendo de volta a sensação de medo e desfazendo parte do trabalho de reconstrução. Durante a manhã desta quinta-feira, moradores, inconformados, tentavam evitar novos estragos.
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Para o empresário João Borba, 44 anos, o receio era voltar a ter os mesmos prejuízos dos últimos dias. Quando finalmente achou que voltaria uma rotina normal, ele foi novamente surpreendido pelo mau tempo. ]
Dono de uma cafeteria na Cidade Baixa, imaginava que a quinta-feira seria o primeiro dia, desde o último sábado, em que poderia trabalhar normalmente. Ao invés disso, passou a manhã tentando evitar um alagamento em frente a seu estabelecimento.
Seis dias antes, uma árvore foi arrancada pela força do vento na frente da cafeteria, abrindo um buraco no chão, entupindo a boca de lobo da rua, bloqueando a via e cortando o fornecimento de luz.
– Finalmente ontem (quarta-feira) as coisas estavam voltando ao normal. A luz tinha voltado, veio um pessoal da prefeitura para limpar as ruas, mas ainda deixaram sujeira, galhos e folhas no chão. E é isso que hoje, junto com a chuvarada, está entupindo a boca de lobo e fazendo o chão ceder cada vez mais – afirmou.
Escorado no portão do estabelecimento desde as primeiras horas da manhã, ele controlava, preocupado, o buraco que insistia em encher de água e sujeira.
– É o caos. Já tive que remover com minhas próprias mãos esse lixo que é trazido pra cá pela chuva. Durante a semana passada, nós mesmos removemos galhos e restos da árvore. Mas não é o suficiente. Meu receio agora é que a calçada comece a ceder – desabafou.
O medo também estampava o olhar de duas funcionárias de uma creche no Menino Deus que, seis dias antes, teve parte da estrutura destruída pela queda de uma árvore. Do lado de fora, em frente ao muro derrubado, elas torciam pelo término da chuva.
– Dá até uma sensação de pânico, pois semana passada toda escola ficou quebrada. Agora, quando finalmente iriam começar a arrumar, essa chuvarada impediu o trabalho do pessoal. Tem até goteira, e nosso medo é que venha mais vento por aí – contou Janaína de Lima Silveira, 35 anos.
Enquanto aguardava a chuva passar do lado de fora da creche, sua colega, Sonia Mendes, de 49 anos, alertava um familiar para não vir da Região Metropolitana à Capital.
– Teu carro não vai passar pela Rodoviária, está tudo muito alagado, os carros estão quase afundando. Ninguém sabe o que pode acontecer, semana passada já foi aquela tragédia. É melhor nem vir para Porto Alegre hoje – dizia.
Quando finalmente a chuva começou a passar, já no final da manhã, os ânimos se acalmaram, mas os resquícios da chuva seguiram causando transtornos pelos alagamentos, sujeira e bueiros entupidos por folhas e galhos.