Ricardo a aposentada Neli, uma de suas maiores clientes
Foto: Jéssica Rebeca Weber/Agência RBS
Vestindo uma camisa verde do São Paulo de Rio Grande, sua cidade natal, Ricardo da Silva Wyse segura uns cinco tubos coloridos debaixo do braço na esquina entre as ruas Olavo Barreto Viana e a 24 de Outubro. Ali fica horas para garantir seu sustento de uma forma inusitada para o século XXI: ele vende mapas. E o homem faz de tudo para atender bem os clientes.
- Eu tenho de tudo, só não tenho o mapa da mina. Mas tenho que arranjar, porque vai ser o que mais vai sair - diz logo de cara o ambulante, soltando o riso.
Nas imediações do Parcão, muita gente conhece o "homem dos mapas", que se gaba da sua forma física aos 58 anos: morador do bairro Jardim São Pedro, vai trabalhar no Moinhos de Vento a pé, em uma jornada de uma hora pra ir e outra para voltar. Ele vende mapas nas ruas da Capital há 13 anos, por conselho de um irmão, que já trabalhou no mesmo ramo. Em 2003, chegava a vender 20 exemplares por semana, demanda que caiu pela metade com a evolução da internet e propagação dos aparelhos de GPS. Por causa disso, teve que diversificar os seus produtos, e agora divide o tempo na comercialização de mapas com a venda de frutas nas ruas.
- Mas eu gosto de estar ao ar livre, e lidar com as pessoas faz bem pra gente. Dinheiro não é tudo - diz ele.
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Ricardo conta que ainda vende mapas geográficos de país e mundo para estudantes, mapas da cidade para turistas e mapas de esqueleto e músculos para médicos e clínicas. Professora aposentada, Neli Maria Schmitt, 82 anos, é uma de suas melhores clientes.
- Eu gosto muito de viajar e faço as pesquisas nos mapas dele - diz Neli, que não é fã de computação.
A arquiteta Alice Boeira, 32 anos, que aponta o "Google Maps" como o rival de Ricardo, admite que a única vez que comprou um mapa na vida foi naquela esquina, para presentear uma pessoa.
- Ele é o único vendedor de mapas que eu conheço na cidade - diz.