Cinco minutos de interrupção no trânsito marcaram os cinco anos do atropelamento de ciclistas na Cidade Baixa, em Porto Alegre. O ato, realizado na noite desta quinta-feira na esquina dentre as ruas José do Patrocínio e Luiz Afonso, reuniu pelo menos 80 pessoas. Durante o bloqueio, motoristas que ficaram presos no trânsito buzinaram – alguns em apoio, outros em contrariedade à mobilização.
Após, os manifestantes foram ao Largo dos Açorianos, onde ocorrem rodas de conversa e apresentações artísticas até o final da noite. Nesta sexta-feira, será realizado um encontro de ciclistas que percorrem ruas da Capital para defender a bicicleta como meio de transporte.
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A mobilização desta quinta-feira foi organizada pela Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade) e Coletivo Cidade da Bicicleta. Além da paralisação, também foram distribuídos panfletos com o objetivo de cobrar justiça e promover o debate sobre o trânsito.
– Estes cinco anos sem julgamento mostram como a sociedade pode evoluir independente do sistema padrão. Mesmo que o judiciário seja tão lento, muita coisa acabou melhorando na cidade em decorrência do incidente. Mas ainda há muito o que fazer – comenta um dos integrantes da Mobicidade, Cadu Carvalho.
O analista de segurança e ciclista Maurício Ariza, 26 anos, também participou do protesto.
– Depois de cinco anos, a sensação que fica é de impunidade. Nós defendemos um trânsito mais seguro para todos, e também, que os "Neis" que existem por aí sejam responsabilizados por seus atos.
Relembre o caso
Em 25 de fevereiro de 2011, um grupo de ciclistas foi atropelado por um motorista na esquina das ruas José do Patrocínio e Luiz Afonso, no bairro Cidade Baixa, na Capital. Pelo menos 17 pessoas ficaram feridas. Os ciclistas participavam de um encontro mensal organizado pelo grupo Massa Crítica.
No momento do incidente, o grupo de 150 pessoas havia saído do Largo Zumbi dos Palmares e seguia caminho pela José do Patrocínio, bloqueando a via. O motorista de um Golf preto, o bancário Ricardo José Neis, teria ficado irritado por ter a passagem bloqueada pelo grupo e avançou com o carro para cima dos ciclistas. Ele fugiu do local.
Após, Neis chegou a ser preso por pouco mais de um mês, mas aguarda em liberdade. Ele irá para júri popular, que deve ter a data marcada somente em abril, quando serão concluídos laudos e perícias solicitados pela acusação e defesa que ainda estão pendentes.