Porto Alegre formalizou um plano que pode torná-la uma cidade preparada para enfrentar adversidades. São estratégias criadas por moradores e lideranças comunitárias a partir do reconhecimento dos problemas de cada região da Capital. E que poderão ser colocadas em prática, agora, após um compromisso firmado pela prefeitura na manhã desta quarta-feira: destinar 10% do orçamento, cerca de R$ 645 milhões, para ações que fortaleçam a resiliência da cidade - ou seja, sua capacidade de superar desafios.
De acordo com o coordenador do projeto Porto Alegre Resiliente, o secretário de Governança Local, Cezar Busatto, o objetivo é que a Capital chegue aos seus 250 anos, em 2022, mais forte a partir de cinco objetivos estratégicos: cultuar a paz, prever riscos, ter uma economia dinâmica e inovadora, regularizar vilas e oferecer formas de mobilidade satisfatórias. Para cada um destes desafios, há, portanto, planos traçados (alguns exemplificados abaixo).
Para líderes comunitários como Michelle Negreiros, delegada do Orçamento Participativo na região Extremo Sul, o projeto trouxe às comunidades a ideia de que elas podem atuar de forma independente em relação ao poder público.
- Aprendemos que podemos construir nossos próprios projetos, a partir dos problemas que enfrentamos. E também fomos apresentados a uma vasta rede de colaboradores e possibilidades existentes, que podem fazer com que nossas necessidades sejam resolvidas. Na minha região, por exemplo, estamos trabalhando a proteção ambiental, já que é uma área que está crescendo muito nos últimos anos - afirma Michelle.
As estratégias, que podem ser conferidas no site portoalegreresiliente.org, foram entregues ao diretor do projeto 100 Cidades Resilientes, Michael Berkowitz, em evento na Usina do Gasômetro nesta manhã. É uma forma de prestação de contas à Fundação Rockefeller, articuladora do projeto que já repassou R$ 8 milhões às atividades na Capital e disponibilizará mais R$ 20 milhões - o valor não é repassado diretamente aos cofres públicos, mas pode ser acessado na forma de prestação de serviços e consultorias.
Porto Alegre foi a primeira das cidades da América Latina escolhidas pela Rockefeller a entregar suas propostas. No Brasil, apenas o Rio de Janeiro também está entre as chamadas "100 cidades resilientes do mundo".
DESAFIOS
Economia dinâmica e inovadora
Desafios prioritário: reduzir o tempo para abertura e fechamento de empresas e fortalecer o ecossistema de inovação da cidade.
Oportunidades:
- Projeto Simplificar: reduzir de 245 para 30 dias o tempo de abertura de uma empresa na cidade
- Revitalização do 4º Distrito, antiga área industrial da cidade
Mobilidade de qualidade
Desafio prioritário: definir o que é transporte de qualidade para o morador de Porto Alegre
Oportunidades:
- Atualização do Plano de Mobilidade Urbana de Porto Alegre
- Atualização do Plano Integrado de Transporte e Mobilidade Urbana da Região Metropolitana
Cultura da Paz
Desafios prioritários: reduzir desigualdades, promover saúde preventiva, construir seguraça cidadã e educar para a paz.
Oportunidades:
- Centros comunitários para convivência e ações integradas em saúde, segurança e educação
- Projeto Ícones da Paz, que identificará em casa região uma liderança comunitária que seja um ícone da cultura da paz
Terra Legal
Desafios prioritários: agregar os diferentes atores e agilizar os processos
Oportunidades: Ampliar a participação social nas tomadas de decisões, promovendo o conhecimento e a colaboração nos processos
Prevenção de riscos
Desafios prioriários: promover a redução de desastres, especialmente nas áreas de risco mais elevado da cidade
Oportunidade:
- Elaboração de Planos Regionais de Resiliência
- Execução de ações estruturantes de drenagem
RESILIÊNCIA
De acordo com o dicionário Houaiss, resiliência é a "facilidade de se recobrar facilmente ou de se adaptar à má sorte ou às mudanças".