Conseguir um meio de transporte para ir ao trabalho foi uma missão quase impossível para os moradores da zona sul de Porto Alegre na manhã desta quarta-feira. Após os ataques a pelo menos seis coletivos na última noite, ônibus circularam com alterações nos itinerários, o que tornou difícil a situação de quem depende do transporte público.
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Com as medidas, as paradas de ônibus das principais avenidas da região ficaram lotadas, e a espera por um coletivo chegou a uma hora e meia. Josiane Gonçalves, auxiliar de limpeza, que mora nas proximidades da avenida Cavalhada esperou quase duas horas por uma condução e reclamou da violência:
- Ninguém tem mais segurança. Hoje nós saímos de casa mas não sabemos se vamos voltar.
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O cenário de incerteza nos transportes fez a professora Marilise Ribeiro comparar a manhã desta quarta à greve dos rodoviários no ano passado, que deixou Porto Alegre 15 dias sem ônibus.
- Moro na Zona Sul há muito tempo e só vi uma situação parecida na greve dos ônibus em 2014. No final, é o trabalhador que sai prejudicado - afirma Marilise.
Para piorar a situação, manifestantes fecharam a avenida Cavalhada e geraram engarrafamento grande na região.
- Estou parado na via a mais de uma hora. Nunca tinha visto uma situação assim - relata o motorista de caminhão, Paulo Luís.
Com poucas alternativas de locomoção, muitos trabalhadores optaram pelo táxi. Os pontos ficaram vazios e conseguir um carro livre era uma tarefa quase impossível. De acordo com o taxista, Julio da Rosa, o movimento de passageiros foi acima do normal.
- O movimento foi 30% maior se comparado com outras manhãs. A maioria das pessoas que peguei estavam em paradas de ônibus - explica o taxista.