Era para ser um sistema de transporte ágil e moderno, mas, até agora, não passou de uma novela em que capítulos frustrantes se repetem. Em janeiro, a prefeitura de Porto Alegre prometeu concluir até outubro as obras nos corredores do sistema BRT (bus rapid transit) nas Avenidas Bento Gonçalves, Protásio Alves e João Pessoa.
Além de não cumprir o prazo, parte do que já foi executado está sendo refeito. Com isso, uma nova promessa: a Secretaria de Gestão acredita que é "provável" que as obras sejam entregues no primeiro trimestre de 2016.
Reconstrução nos corredores do BRT em Porto Alegre atrasa obras
A primeira previsão de conclusão dos corredores de ônibus era para antes da Copa do Mundo. O Mundial acabou há um ano e meio e os corredores estão sendo consertados devido a fissuras no concreto. As empresas estão refazendo trechos nas três avenidas. Em todas, as obras complicam o trânsito, obrigam os ônibus a disputarem espaço com outros veículos e dificultam a vida dos passageiros.
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Ônibus sem previsão
O cenário que mais chama atenção é o da Bento Gonçalves, onde houve bloqueio da circulação de ônibus no trecho entre as Ruas Silvado e Paulino Azurenha, no Partenon, para destruição total da pista. O empreiteiro autônomo Aglaer José Dornelles, 34 anos, anda várias vezes ao dia de ônibus e garante que um dos piores trechos é o da Bento, que agora está ainda mais complicado:
- O trânsito já é lento por natureza, assim, fica pior. Com BRT, imagino que seria outra coisa.
Para os motoristas de ônibus o estresse é ainda maior. Condutor da linha T6 da Carris, Márcio Rabuske Garcia, 35 anos, que passa pela Protásio Alves todos os dias, conta que a limitação de circulação no corredor torna o trânsito convencional ainda mais disputado. E o efeito cascata só aumenta: os congestionamentos se complicam e o tempo de viagem fica ainda maior.
- É ruim estar toda hora tendo que sair e voltar para o corredor. Temos que nos enfiar no meio dos carros, cuidar dos motoqueiros.
A Secretaria Municipal de Gestão informou que todos os reparos são de responsabilidade das empresas. Mas quando o BRT vai funcionar? Atualmente, a secretaria não dá previsão para compra dos ônibus e inauguração do sistema.
Cuidado com o concreto
Como o ônibus BRT tem corredor exclusivo e não compartilha o tráfego com outros veículos em todo trajeto, consegue praticamente dobrar sua velocidade média, aponta o coordenador do Programa de Engenharia de Transporte da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Márcio DAgosto.
Um ônibus BRT lotado tem capacidade para transportar até 250 passageiros, o que diminui o número de veículos e aumenta o peso de cada veículo. Por isso, Márcio alerta para a necessidade de atenção especial na obra dos corredores.
- O veículo é mais pesado do que um ônibus convencional e no horário de pico vai encher. Tem que cavar fundo, desde o extrato mais baixo, para fazer a base. A carga do pavimento é muito maior que a usual e, por isso, a base do corredor precisa ter um tratamento especial. Não é um pavimento normal, a pista deve ser de concreto para não enrugar - avalia.
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Como está a situação de cada corredor:
BRT Avenida Bento Gonçalves
Trecho: entre as Avenidas Antônio de Carvalho e Princesa Isabel
Comprimento: 5,9km
Investimento: R$ 13.976.983,83
Início: 14 de Março de 2012
Empreiteira: Consórcio Contepa (Conpasul e Sultepa).
Situação: até o final do ano, haverá bloqueio de circulação de ônibus no trecho entre as Ruas Silvado e Paulino Azurenha para que o corredor seja refeito devido a fissuras nas placas de concreto.
BRT Avenida João Pessoa
Fotos: Fernando Gomes
Trecho: entre a Avenida Bento Gonçalves e a Rua Desembargador André da Rocha
Comprimento: 3,3km
Investimento: R$ 5.310.565,27
Início: 28 de Setembro de 2012
Empreiteira: Consórcio Giovanella e Construtora Brasília-Guaíba
Situação: o corredor de ônibus entre a Avenida José Bonifácio e o Viaduto Loureiro da Silva e a estação Touring estão bloqueadas aos passageiros. Após a execução, foram identificadas 11 fissuras ao longo do trecho. A obra segue em andamento. Até o momento, cerca de 2km de via já foram executados.
BRT Avenida Protásio Alves
Trecho: Rua Saturnino de Brito até a Rua Sarmento Leite.
Comprimento: 6,8km
Investimento: R$ 15.240.010,67
Início: 12 de Março de 2012
Empreiteira: Consórcio Contepa (Conpasul e Sultepa)
Situação: foram retomadas as obras de pavimentação no cruzamento entre a Avenida Protásio Alves e a Avenida Cristiano Fischer, que será bloqueado por cerca de 45 dias. A intervenção será de aproximadamente 40m. Ainda falta concluir um trecho de 300m de extensão na Protásio Alves, entre a Lucas de Oliveira e Avenida Neusa Goulart Brizola. Nesse trecho, também haverá adequações no pavimento das plataformas da estação de ônibus Vicente da Fontoura.
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