Com receio de assaltos e perda total dos bens, centenas de moradores das ilhas afetados pela cheia histórica do Guaíba se negam a deixar suas residências para abrigos e sofrem com a falta de água e donativos. De acordo com a Defesa Civil de Porto Alegre, pelo menos 400 pessoas deveriam sair imediatamente de casa, mas permanecem nas ilhas e correm o risco de contrair doenças devido às condições insalubres.
Na manhã desta terça-feira, um grupo de moradores se aglomerou na entrada da Ilha dos Marinheiros quando uma caminhonete da Defesa Civil estacionou para a entrega de alimentos e roupas. Eles reclamam que a ajuda não é suficiente:
- Estou com quatro famílias dentro da minha casa e o caminhão-pipa vem uma vez por dia só. Estamos lavando a louça com água do chão e não temos como fazer comida. Por que não trazem mais carros para a gente? - questiona Andreia da Cruz, 40 anos.
A entrega de donativos é feita no Ginásio Tesourinha, na Capital, para onde um grupo de desabrigados foi levado no domingo porque a Escola Estadual de Ensino Fundamental Alvarenga Peixoto, na Ilha dos Marinheiros, também alagou. Eles têm banho quente, alimentação, assistência médica e boas condições para dormir.
O problema, segundo a representante da ONG Amobem, entidade que trabalha com pessoas em situação de vulnerabilidade, é a demora para encaminhar as cerca de cinco toneladas deixadas no ginásio para as ilhas.
- As famílias que ficaram aqui (nas ilhas) estão desassistidas. Tem gente dormindo no chão e há colchões sobrando (no Tesourinha), precisamos de lonas para as casas, é uma desorganização total - afirma Cristiane Izquierdo.
O secretário da Defesa Civil de Porto Alegre, Nelcir Tessaro, pede calma para as famílias e garante que, gradualmente, todas serão atendidas:
- Há ônibus cheios saindo para entregar (as doações). As nossas viaturas estão trabalhando, temos de ter calma, as pessoas vão até as ilhas e retornam para Porto Alegre. Sei que é difícil, mas vamos atender a todos.
A cheia fez com que o Guaíba atingisse o nível de 2m89cm, a maior marca desde 1967, de acordo com o Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre (CEIC). Os donativos aos afetados pela enchente podem ser entregues no Tesourinha - Avenida Érico Veríssimo, s/n, Cidade Baixa - e na sede da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) - Avenida Ipiranga, 310, no Menino Deus. Pede-se, especialmente,
Veja imagens da cheia: