Julia Costa é diretora-presidente da Cais Mauá do Brasil SA, consórcio responsável pela obra de revitalização do porto da Capital
A revitalização dos armazéns está orçada em R$ 43 milhões, mas o projeto todo, com as torres e o shopping, custa R$ 500 milhões. Não poderia se investir menos e reformar só o essencial?
Não há como gerar receita suficiente e pagar todos os custos apenas locando os armazéns. Teremos um alto custo de manutenção, segurança do local, funcionários, obras de esgoto, luz, água, e ainda vamos construir 10 praças, revitalizar uma abandonada, sem falar no arrendamento que pagamos para o Estado. Se esse pessoal que reclama tem um projeto tão bom, poderia ter apresentado na licitação e vencido. Por que não fizeram isso?
"Nos mostrem como é todo o projeto", questiona arquiteta fundadora do movimento Cais Mauá de Todos
Como serão as torres e o shopping center, que têm provocado maior polêmica?
Não chegamos à fase do detalhamento executivo dessas áreas. Posso dizer que o centro comercial - nós não chamamos de shopping - terá 14 metros de altura, em princípio com um teto verde para as pessoas caminharem. Não haverá um grande impacto na paisagem, só que é impossível detalhar agora como serão os acessos, o piso, as instalações da construção. Estamos focados na primeira etapa do projeto executivo: os estudos dos armazéns.
Mas quando a sociedade saberá de tudo, do centro comercial à passarela da Mauá, das torres ao teto verde?
Quando começarmos a obra de revitalização dos armazéns, prevista para fevereiro, iniciaremos os estudos das fases seguintes. Um projeto desse tamanho, em qualquer lugar do mundo, é lançado em fases, não se pode lançar tudo imediatamente. O que temos é uma concepção arquitetônica, e os detalhes são esmiuçados no projeto executivo, quando a EPTC avalia o trânsito, o DEP avalia o Muro da Mauá, e cada órgão aprova uma parte.
Há algum risco de o Cais Mauá ser um empreendimento elitista?
Não vai ser nada elitista. Terá restaurantes sofisticados e restaurantes mais simples. E, se você quiser levar seu próprio sanduíche ou fazer um piquenique, fique à vontade. Dois armazéns serão dedicados a cultura, e nós não teremos faturamento algum sobre eles, não vamos cobrar nada em cima: serão shows, oficinas, exposições, peças de teatro. Mas, para não ser elitista, tenho que proibir as pessoas de consumir? São
argumentos ridículos.
Leia a reportagem completa: Quem são e do que reclamam os críticos do projeto de revitalização do Cais Mauá