* Esta reportagem foi produzida através de uma microbolsa concedida em parceria da Agência Pública com o Instituto Alana.
Kainã quer ser médico. Diuly tem vontade de ser bailarina. Gabriel pensa em ser policial. Zilá quer ter um pet shop. Ketlyn tem sonhos de modelo. Juntos, eles são artistas, músicos, cantores e até recitam poemas. Em junho, o colorido caipira enfeita o cortejo. Durante a comemoração, os cinco circulam pelas ruas e desafiam os vizinhos com charadas:
- Tem barba, não tem bigode. No jogo da cabeçada, ninguém com ele pode...
Em comum, eles têm mais do que a infância e os sonhos. São todos moradores da Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre. É a área com o menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da Região Metropolitana, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). E, entre tantas carências, nesse local abraçado por água de todos os lados, a falta de acesso ao saneamento básico é a maior delas.
A Ilha dos Marinheiros está a cerca de sete quilômetros do Centro, mas mantém uma relação distante com o cotidiano da Capital, como se as águas do Guaíba impusessem uma distância maior do que a física. Ali, as palafitas sustentam casebres construídos com sobras de demolições, madeira e calhas reaproveitadas.
Cerca de 850 famílias dividem ruas apertadas, sem asfalto ou calçamento. As crianças, os cães e os carros disputam o espaço do jeito que dá. A população é, em sua maioria, formada por descendentes de pescadores que trabalham no local ou em bairros próximos. Formam uma comunidade unida, que se refere a Porto Alegre como "lá, na cidade", enquanto os habitantes do Centro olham para eles como se vivessem em uma localidade folclórica.
- É um local com cotidiano diferente do resto da cidade, marcado por uma relação com o ambiente muito própria. A água serve como zona de fronteira - explica Rafael Victorino Devos, professor de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que trabalhou por cinco anos na ilha, durante sua pesquisa de pós-graduação.
A ilha ganhou destaque nacional em 1989, com o curta-metragem Ilha das Flores, de Jorge Furtado. O filme acompanha a saga de um tomate, da produção ao descarte, quando vai parar em um lixão da ilha e vira comida de porcos. O que sobra da refeição dos animais é consumido pelos moradores. Filmado quase integralmente na Ilha Grande dos Marinheiros, o curta leva o nome de outra ilha ali perto. Parece sina: mesmo quando ganha notoriedade, a Ilha dos Marinheiros é esquecida.
- Tem barba, não tem bigode. No jogo da cabeçada, ninguém com ele pode!", "É o bode, é o bode! - gritam, em jogral, as crianças da ilha na manhã de um sábado de sol. Sobre pernas de pau que driblam as poças e o barro, visitam os vizinhos com música e sorrisos.
A vida não é fácil para essas crianças risonhas. Aos 10 anos, Ketlyn Raissa Trindade tem bronquite, provocada pela sujeira, pela poeira e pela alta umidade do ambiente, agravada pelo frio do inverno. O calor é um elemento tentador e pernicioso no verão. Ana Paula Castro, 22 anos, mãe de Diuly Castro, de cinco anos, e de Helena, de 10 meses, explica que é difícil para as crianças deixar de "aproveitar todo aquele rio ali do lado". Como ela, muitos moradores admitem frequentar a "prainha" - uma faixa de areia com acesso a uma margem rasa do Guaíba -, embora a água seja sabidamente muito poluída.
"Pular no rio" também é a brincadeira preferida de Zilá Castro, 12 anos, que mora às margens do Guaíba junto com Ana Paula, sua irmã.
- Na escola disseram pra gente desenhar um rio. Aí fiz uma água toda morta, cheia de sujeira, garrafa, tudo - conta Zilá, enquanto refaz o desenho para os repórteres. Ela enche a folha com os lápis azul e marrom, simulando a água escura. Por cima, rabisca objetos jogados no lixo.
Zilá Castro, de 12 anos, ao desenhar o rio que conhece, também retrata a sujeira e os entulhos do Guaíba (Foto: Yamini Benites).
O Guaíba recebe dejetos de todas as regiões de Porto Alegre, e o delta do Jacuí - onde fica a Ilha dos Marinheiros - tem detritos de todo o Estado.
- A contaminação deriva de toda a carga de poluentes da Região Hidrográfica Guaíba, que inclui grande contingente populacional e a maior parte da atividade industrial (petroquímica, metal-mecânica, automotiva, coureiro-calçadista) do RS - explica o geocientista e professor da UFRGS Rualdo Menegat.
Em 1994, foi aprovada uma lei que prevê a criação de três agências públicas - uma delas na bacia do Guaíba - para planejar a distribuição de recursos e ações ambientais para os rios da região, mas nenhum governo a cumpriu até hoje. De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), a criação desses órgãos implicaria cadastramento dos moradores, cobrança pela água e implantação de um sistema de outorgas na região. Ações que não têm nem prazo para sair do papel, como admite Elaine Regina Oliveira dos Santos, do Departamento de Recursos Hídricos da Sema:
- Esses condicionantes não foram plenamente implementados e são fundamentais para viabilizar o previsto na Política Estadual de Recursos Hídricos.
- Enquanto isso, os ilhéus são as maiores vítimas dessa situação, por estarem cercados por essas águas sujas - observa o antropólogo Rafael Devos.
Em uma casa de madeira com fundos para o lago, a dona de casa Marion Rodrigues relembra que aprendeu a nadar no Guaíba. Mas o afeto pelo rio é acompanhado de consternação quando ela conta que duas de suas quatro filhas sofreram com feridas na região da cabeça e tiveram de parar com os mergulhos.
De acordo com funcionários do posto de saúde da ilha, é fácil ver o aumento de dermatites nos períodos de calor:
- No verão, as pessoas usam o rio para tomar banho e atendemos mais casos de irritações na pele, possivelmente pelo contato com alguma substância na água - relata o médico Samuel Bastiani.
O registro das enfermidades muitas vezes está na pele, e não nos prontuários. A estudante de jornalismo Jeannifer Stéfany Machado, 20 anos, agente comunitária do posto, mostra as manchas que marcam suas pernas desde a infância, resultados de dermatites causadas pela água contaminada.
Água potável é recurso recente
Cercado de água por todos os lados, o bairro Arquipélago, composto pelas ilhas do Guaíca, começou a receber água potável do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) apenas em 2008. Antes disso, era abastecido por caminhões-pipa, quando eles conseguiam chegar às casas pelas vias estreitas e sem asfalto, que se alagam com as chuvas de verão. Apesar da pouca idade, o irmão de Jeannifer Machado, Gabriel, 11 anos, se recorda com clareza desses tempos:
- Eles vinham com aquelas mangueiras grandes, e a mãe enchia o buião (caixas d'água caseiras).
Embora fosse uma demanda antiga, o abastecimento de água enfrentou uma série de questões burocráticas, já que o bairro faz parte do Parque Estadual do Delta do Jacuí, unidade de conservação de responsabilidade do governo do Rio Grande do Sul, e a Ilha Grande dos Marinheiros, atravessada pela BR-116, é regulada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Os estudos se iniciaram em 1995, mas o projeto teve de passar pelo crivo de todos esses órgãos antes de a água chegar às torneiras, como explica Lizete Rohmet Ramires, assistente técnica da Gerência de Planejamento do Dmae.
Além disso, essas áreas não possuem regime de ocupação urbanística dentro do Plano Diretor de Porto Alegre, segundo o biólogo Rafael Caruso Erling, chefe da Divisão de Unidades de Conservação da Sema. Para ele, a ocupação humana do local é incompatível com seu caráter de área de preservação. Mas, quando o parque foi criado, em 1976, as famílias já ocupavam o local. Quando a água finalmente atravessou esse emaranhado burocrático e chegou às casas, foi uma revolução. Oitocentas ligações de rede passaram a beneficiar cerca de 3,2 mil pessoas.
- Das obras que eu participei, foi a que mais percebi um retorno de felicidade dos moradores - lembra com orgulho Marco Faccin, gerente de Projetos e Obras do Dmae.
Perna de pau: desviando das poças e contornando ruas sem calçamento, as crianças visitam os vizinhos com música e sorrisos (Foto: Yamini Benites).
Ainda hoje, porém, não são raras as vezes em que as torneiras secam, quase sempre por falta de energia elétrica para bombear a água a partir da estação de tratamento Francisco Lemos Pinto, na vizinha Ilha da Pintada. Nesses momentos, moradores como Roberta de Azevedo, mãe de Ketlyn e Maria Eduarda, voltam a usar e a estocar a água do rio. Um hábito que traz novos riscos para a saúde da comunidade.
- Nós já temos o mosquito da dengue na ilha, o Aedes aegypti, mas ele não está contaminado pelo vírus. Porém, basta contaminar um e daí já viu - preocupa-se o médico Samuel Bastiani, há 11 anos trabalhando no posto da comunidade.
"Tudo o que fazem no banheiro vai para o rio"
O mais grave, porém, é que a comunidade continua desprovida de coleta e tratamento de esgoto, direito humano essencial reconhecido pela Assembleia Geral da ONU em 2010. Há apenas 65 metros de redes coletoras de esgoto no Arquipélago, todos eles na Ilha da Pintada, localizada ao sul da Ilha dos Marinheiros, atendendo apenas 0,13% da população do bairro, segundo o Dmae.
- Aqui nós nos viramos. Os mais organizados constroem fossas, mas tem gente que despeja na água - conta Neusa Dias, para desgosto do pequeno Gabriel Machado:
- É ruim, tudo o que as pessoas fazem no banheiro, vai pro rio - lamenta o menino de 11 anos.
Kainã Teixeira, de oito anos, no momento ocupado em tentar dominar o pião recém-comprado no mercado vizinho, gosta de música e de ler histórias - quando não está com enxaqueca.
- Ele tem bastante dor de cabeça, mas a gente não sabe direito o que é - conta a mãe, Andressa Mourão, de 26 anos.
Sobrinha de Marion, ela veio para a ilha "apaixonada", instalou-se na casa da tia às margens do Guaíba e depois se mudou com o namorado para a "região dos becos", construída sobre um banhado aterrado. Nessa região nem mesmo as casas que improvisam fossas estão livres de odor, pois não há drenagem no terreno.
O médico Samuel Bastiani diz que as enxaquecas causadas pelo mau cheiro são frequentes e que a falta de tratamento do esgoto é a causa de outras doenças na comunidade, como a leptospirose, transmitida principalmente na época das enchentes pelos ratos atraídos pelo descarte irregular dos resíduos, e as gastroenterites. Em 2010, foram notificados também 17 casos de hepatite A na Ilha dos Marinheiros, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Depois que a água potável chegou, Bastiani notou uma melhora nos casos de verminoses na ilha, mas mais da metade das crianças abaixo de 12 anos está contaminada, estima o médico.
- Há mais ou menos três anos, realizamos exames em 90 crianças, e 80 delas estavam contaminadas com um tipo ou mais de verminose - afirma Bastiani.
Os irmãos Jeannifer e Gabriel lembram de já ter feito parte dessa estatística - assunto que deixa o menino constrangido:
- Precisa mesmo falar como é?! Ai, é nojento.
De acordo com estudos do Instituto Trata Brasil - organização voltada para a educação sobre saneamento -, as doenças decorrentes da falta de tratamento e coleta de esgoto, como diarreias, afetam a capacidade imunológica, desencadeando alergias respiratórias, intestinais e de pele, que vão permanecer com essas crianças por muito tempo. Em 2013, foram notificadas mais de 340 mil internações por infecções gastrointestinais no país, segundo o Ministério da Saúde.
- No mundo todo, comprovou-se a ligação entre a falta de tratamento de esgoto com doenças como verminoses, alergias de pele, leptospirose, hepatites etc. Isso é ainda mais grave em crianças pequenas, com menos de 5 anos, atingidas de forma mais violenta por esses casos - explica Édison Carlos, presidente-executivo do Trata Brasil.
Tendência de escassez de água no mundo pode forçar custos
Nem os ricos têm esgoto tratado
Originalmente ocupado por índios guaranis, o bairro Arquipélago sempre foi uma área pobre. Neusa é um exemplo. Criada pela irmã e pelo cunhado em Canoas, aos 15 anos ela se desentendeu com a família e saiu de casa. Tentou voltar anos depois, mas sua irmã havia rompido definitivamente com ela. Foi assim que se tornou ilhoa: o pai, que já morava no local, foi buscá-la. Desde então, nunca mais saiu dali.
Neusa assistiu espantada à chegada recente de pessoas ricas na parte sul da ilha, onde construíram casas de veraneio, acentuando o cenário de desigualdade.
- Eles começaram a chegar, compraram terrenos e construíram umas casas lindas ali pra baixo. Somos nós na nossa e eles na deles - diz Neusa diante dos trapiches com atracadouros para lanchas e jet-skis, pátios com piscinas e playgrounds nos gramados entre construções imponentes e muros altos.
Hoje, as casas não são apenas de veraneio; muitas pessoas residem na parte sul da ilha. Mas nem nas mansões há rede de esgoto.
- Esse fluxo de moradias de alta renda tem a ver com um forte investimento do mercado imobiliário, que focou muito naquela área. Houve a criação de um discurso de prazer relacionado à região: "Venha morar perto da natureza"; "Descubra um novo modo de viver"; "Aproxime-se do rio". Assim, essas pessoas vêm se instalar em um local sem infraestrutura mesmo que tenham condições de adquirir imóveis em outras partes da cidade - explica a arquiteta e urbanista Ecléa Pérsigo Morais Mullich, professora da Unisinos e autora de dissertação sobre a ocupação de alta renda na Ilha Grande dos Marinheiros.
Fernando Meinhardt, ex-atleta de remo, mora no lado sul há 10 anos. Ele conta ter comprado o terreno de um posseiro em 1997 por cerca de R$ 1 mil e uma geladeira. Construiu a fossa por conta própria, como os seus vizinhos abastados.
- Aqui tem muita comodidade, perto do centro, perto dos clubes náuticos, posso praticar esportes. Só é ruim quando tem enchente, porque aí o banheiro não funciona.
Atualmente há terrenos à venda por até R$ 1 milhão na parte sul da ilha.
Mesmo com capacidade máxima, estação da Serraria não será capaz de despoluir o Guaíba sozinha
Remoção é desafio para ilhéus
Segundo o Dmae, o plano é universalizar o acesso à rede de esgoto na cidade até 2035, mas não há no momento nenhum projeto para a Ilha dos Marinheiros. Mesmo que o esgoto venha, a maior parte dos moradores tradicionais não vai ver a mudança. Uma nova ponte a ser construída sobre o Guaíba deve levar à remoção de dezenas de famílias.
Fruto da parceria do governo federal com a prefeitura de Porto Alegre, a ponte terá extensão de 7,3 quilômetros. As obras, orçadas em R$ 649,6 milhões, já foram iniciadas pelo consórcio das empresas Queiroz Galvão e EGT Engenharia e têm previsão de três anos de duração. O Dnit, órgão responsável, garante que as novas moradias - onde serão assentadas as famílias removidas - terão toda a infraestrutura necessária.
Apreensivas com a falta de informação, as 500 famílias que convivem com a ameaça de remoção - mais da metade da população da ilha - não estão certas disso.
- Ninguém comunica o povo, ninguém diz nada - diz Mara Silva da Cruz, que mora na ilha desde que nasceu, há 41 anos. Nos últimos meses, ela acorda de madrugada com o barulho das estacas sendo instaladas nas águas. O som fica mais próximo a cada noite, mas ela ainda não sabe quando será removida.
As últimas reuniões entre moradores e o Consórcio Ponte do Guaíba, responsável pela remoção, foram realizadas em 2014, assim como o cadastro das famílias. A previsão era de que as primeiras fossem removidas no fim de 2015. Contudo, o plano foi adiado para o primeiro semestre de 2016, e os reassentamentos serão feitos de acordo com o andamento da obra, segundo a assessoria do Dnit. Conforme o órgão, as novas moradias terão cerca de 40 metros quadrados, abastecimento de água e rede de esgoto. Mas a gerente do Dmae, Airana do Canto, esclarece que o sistema adotado ainda será o de fossas sépticas, com o complemento de um filtro. Algo que é considerado por ela mesma "adequado, mas provisório". Não há previsão de data para as moradias serem ligadas à rede de coleta e tratamento.
De acordo com o Demhab, a prefeitura acompanha a remoção por meio da Secretaria de Direitos Humanos. Contatado pela reportagem, o órgão não deu retorno.
"Aqui é o meu lugar"
Kainá e Taimara: duas pequenas moradoras da Ilha dos Marinheiros (Foto: Yamini Benites).
As 400 famílias que não serão removidas terão de aguardar cerca de oito anos apenas para que os estudos necessários para a construção de uma rede de coleta sejam iniciados, explica Airana:
- A gente ainda precisa fazer um estudo de qual processo será adotado ali, porque é uma área muito baixa. Teria que compatibilizar com o sistema de drenagem e com a população que realmente vai ficar ali, mas ainda não temos definições claras - diz.
Rafael Passos, vice-presidente da seccional gaúcha do Instituto dos Arquitetos do Brasil, considera o prazo "absurdo".
- Quando se solicita a instalação de serviços em uma edificação nova em bairro regular, não se trabalha com prazos absurdos de até oito anos. Os prazos estabelecidos, e quase nunca cumpridos, para atender a um caso e a outro não se justificam - reflete.
Para o diretor de Gestão e Desenvolvimento do Dmae, Alfredo Dorn, é preciso "congelar a população" da ilha para que se possam planejar ações de saneamento. Proposta irreal, segundo Ecléa Mullich:
- Isso não existe. A ocupação é constante, não há modos de freá-la só por causa da vontade do poder público. Estamos falando de pessoas. Pessoas, no caso da população pobre, que não estão nesse lugar por opção. O planejamento tem que começar a abordar a dinâmica cultural.
Para as crianças da ilha, o que vale é pé no chão e a sensação de pertencimento.
- Morar perto do rio? É bom, é bonito - afirma Kainã. Por trás de um sorriso tímido, a pequena e quieta Diuly diz que gosta de onde vive. Já para Ketlyn, "se o rio fosse limpo, a ilha ia ser melhor". Questionada pela reportagem sobre o que é uma ilha, ela revela sua experiência por meio de uma resposta singular:
- Ah, uma ilha é um lugar cheio de gente.
Já Zilá não sabe o que dizer quando indagada se gosta de viver ali. Ensaia desejos de fuga - "Vão tirar a gente né? Gostei, quero sair daqui" -, mas logo se arrepende:
- Ah não sei, na verdade, tem bastante gente que eu gosto. Meu avô morreu aqui.
Já Gabriel está decidido:
- Eu adoro morar aqui. Eu nasci na ilha, né? Aqui é o meu lugar.
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