Dante, Ramon e Ledesma são, no sentido bairro-centro, os três novos habitantes das margens do Arroio Dilúvio, na Avenida Ipiranga. Plantados há cerca de quarenta dias por Renato Cunha, gerente de uma loja de pneus recém-inaugurada, os exemplares de cáctus vieram da casa de Cunha.
- Já estou conhecido como maníaco do cáctus. Planto em casa, em parque, em tudo que é lugar. Acho que ajuda a embelezar a cidade. Quero vê-los crescerem, gerarem frutos, flores. Vou acompanhar o crescimento aqui da frente - diz o administrador do estabelecimento que abriu as portas há pouco mais de um mês.
Desafiando a legislação ambiental da cidade, que não permite o livre plantio de vegetação, Cunha diz que sua iniciativa de espalhar mudas de cáctus e outras árvores por Porto Alegre tem o intuito de deixar a cidade mais bonita. Sem medo do que possa ocorrer com seus "filhotes", ele diz que se a Prefeitura aparecer, vai conversar.
- Que mal tem, né? Ali não passa ninguém mesmo - alfineta o gerente.
Neste curto período em que saíram do pátio no bairro Partenon e ganharam as margens do antigo Riacho Ipiranga, na altura da Avenida Lucas de Oliveira, as crias de Cunha já sofreram alguns atentados.
-Tem uma turminha da pesada que vive tentando nos derrubar, já derrubaram todos eles, mas a gente resiste - diz o responsável pelo plantio, como se falasse da própria família.
Cunha até conhece, mas não se atém a detalhes científicos como o tipo, a espécie ou os cuidados necessários com as plantas. Ele sabe apenas que eles só resistirão aos humores do inverno porto-alegrense por um único motivo: estarão em frente aos seus olhos.