Porto Alegre dará mais um passo para se aproximar do conceito de cidade resiliente. De segunda a quarta-feira, a Capital sediará um workshop sobre o tema, e o evento marcará a adesão do município à Campanha Construindo Cidades Resilientes: Minha Cidade está se Preparando, das Nações Unidas (ONU).
Aplicado em diferentes áreas, o termo é relativo à capacidade de prevenção, adaptação e enfrentamento de adversidades. A cidade resiliente é aquela que planeja ações para prevenir e combater os problemas que podem surgir, reduzindo ao máximo os prejuízos pessoais e materiais. É comum associar o termo às grandes catástrofes, como terremotos, enchentes e furações. Mas o conceito se mostra mais amplo.
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- Pode ser uma crise social ou econômica, por exemplo. Não são somente os desastres naturais. Uma cidade resiliente se prepara para lidar com todos os tipos de adversidades do organismo - afirma Cezar Busatto, secretário municipal de Governança Local e chefe do projeto Porto Alegre Resiliente.
No fim de 2013, a Capital foi selecionada pela Fundação Rockefeller para participar do Desafio de Resiliência. A partir daí, foi criado um grupo de trabalho para estruturar um planejamento estratégico de ações. A equipe conta com representantes da Prefeitura, da Defesa Civil, do Gabinete de Inovação e Tecnologia, da ONG Centro de Inteligência Urbana de Porto Alegre e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, além de empresas, organizações sociais e representantes das comunidades.
- No momento, estamos identificando os problemas que merecem um olhar mais emergencial. Cada região da cidade têm uma necessidade específica - conta Busatto.
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Com a adesão à campanha da ONU, a Capital passa a ter apoio técnico e orientação de especialistas para formular ações específicas, como a criação de programas educativos e investimento na implementação e manutenção de infraestruturas que evitem inundações. A ideia também é abrir novas frentes para trocar informações com cidades que participam da iniciativa ao redor do mundo - no Rio Grande do Sul, outros nove municípios integram a campanha da Organização das Nações Unidas.
- Já temos apoio da Fundação Rockefeller em questões técnicas e, agora, vamos ter ainda mais ajuda. Participar da campanha da ONU também é uma forma de oficializar para a sociedade o compromisso com o tema - diz Busatto.
Até o fim deste ano, o planejamento estratégico de Porto Alegre deve estar finalizado e, em 2016, a previsão é que se iniciem as primeiras ações. O andamento do estudo já aponta algumas questões que precisam de atenção especial. Priorizar investimentos que garantam a segurança dos moradores de áreas com risco de desabamentos e enchentes é um exemplo, com obras de contenção ou remoção das famílias.
Há também a necessidade de diversificação da economia, reduzindo o tempo para abrir e fechar uma empresa, e de fortalecimento da zona rural. As ações a serem implementadas e a forma de financiamento ainda não estão completamente definidas. Segundo Busatto, a execução deve ser feita por meio do orçamento municipal e investimentos de empresas privadas.
- Precisamos tratar esses pontos como prioridade. A ideia é desenvolver um plano concreto para ser aplicado o quanto antes - afirma Busatto.
Em Porto Alegre, há ações que já estão em sintonia com o conceito de cidades resilientes. O Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre (CEIC), por exemplo, auxilia o planejamento operacional em situações de prevenção e de emergência. Já o Programa Integrado Socioambiental (Pisa) ajuda na despoluição do Guaíba e no tratamento de esgoto, evitando uma maior deterioração da qualidade da água e promovendo um ambiente com menos riscos à saúde.
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Três dias para troca de ideias
O 1º Workshop de Cidades Resilientes, promovido pelo projeto Porto Alegre Resiliente, contará com a presença de gestores e especialistas da área vindos do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, além de países como Colômbia, Equador e Estados Unidos. Três grandes temas nortearão os painéis: Mudanças Climáticas, Cultura de Paz e Revitalização das Cidades. O painel de abertura, intitulado Gestão de Territórios, Riscos e Informação: Desafios da Resiliência, é aberto ao público. Toda a programação ocorre no Grêmio Náutico União. Mais informações em portoalegreresiliente.org.
O QUE SÃO CIDADES RESILIENTES?
Uma cidade resiliente é aquela que se capacita para enfrentar as adversidades, reduzindo ao máximo os prejuízos humanos e materiais quando estas situações ocorrem. São desenvolvidas ações de prevenção para encarar esses desafios e evitá-los, se possível. São exemplos desses eventos inundações, terremotos, furacões, deslizamentos, falta d'água, fortes ondas de frio ou calor, greves de transporte, combate ao tráfico, violência e epidemias.