Florianópolis é apenas uma das paradas da jornada que começou há anos e, na maioria dos casos, terminará no interior de SC. Embora governos estadual e municipal trabalhem para levantar números mais precisos sobre a migração de para SC, não há informações sobre quantos estrangeiros chegam à região.
Levantamentos preliminares mostram que grande parte deles busca nova morada no Sul, Oeste, Litoral e Vale do Itajaí, espalhando-se por todo o Estado, o que dificulta o acompanhamento e o desenvolvimento de políticas públicas.
Terceiro ônibus com imigrantes haitianos chega a Florianópolis
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Desde que a contratação dos ônibus que trariam os imigrantes haitianos e senegalenses para o Sul foi anunciada, o governo do Acre repassou pouquíssimos dados para os municípios que os receberiam. Até o momento, a Prefeitura de Florianópolis não sabe, por exemplo, qual o tamanho da estrutura que deve montar para recebê-los.
No ano passado, a Secretaria de Assistência Social (SST) fez tentativa frustrada de ter um mapeamento mais elaborado. Enviou questionários a todas as prefeituras catarinenses para tentar traçar um perfil dos imigrantes - idade, escolaridade, situação profissional -, mas menos de 30 cidades repassaram as informações.
De Olho nas Ruas: imigrantes estão em busca de emprego
Já a Polícia Federal divulga apenas o número de imigrantes registrados oficialmente na corporação. São menos de 4 mil com a papelada em dia, uma parte mínima do total: só os haitianos no Oeste, por exemplo, são mais de 2 mil. Em Criciúma, no Sul, vivem pelo menos 3 mil estrangeiros, sendo que grande parte são ganeses e senegaleses.
Segundo a SST, a política de atendimento aos estrangeiros em vulnerabilidade é a mesma oferecida aos demais cidadãos. Famílias de imigrantes devem procurar os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) para serem inseridos no cadastro único do governo federal e ter acesso a programas públicos e cursos de qualificação profissional.
Manual ajuda com serviços básicos
A maior parte dos imigrantes que chega a SC já tem destino certo, indicados por amigos ou parentes. Sem conhecimentos da região e com pouco dinheiro, acabam dependendo de uma rede de apoio que envolve poder público, iniciativa privada e até ações individuais.
A maioria depende deste suporte até conseguir se firmar, trabalhando principalmente em frigoríficos, na metalurgia e na construção civil, segundo a Federação das Indústrias de SC (Fiesc).
O empresário Marcelo Gonçalves, responsável pelo maior canal de comunicação entre haitianos no país, o grupo no Facebook Haitianos no Brasil, se orgulha do "manual" para haitianos desenvolvido com apoio de igrejas, médicos, líderes de associações e os próprios estrangeiros.
- Conheci um haitiano no supermercado e me sensibilizei com a situação que sua família enfrentava. Começamos a perceber que eles confundiam coisas que parecem óbvias para nós brasileiros e isso dificultava muito o processo de adaptação.
O arquivo está online e será entregue impresso hoje no abrigo do Capoeirão - onde uma estrutura temporária foi montada - com modelos de currículos, dicionários básicos de crioulo e francês, instruções para abrir uma conta no banco e procedimentos para contratar estrangeiros.