Um grupo de pelo menos 30 ciclistas realizou uma pedalada na noite desta sexta-feira nas ruas de Porto Alegre para protestar contra a impunidade. A manifestação foi organizada após reportagem de Zero Hora revelar que o taxista Daniel Trindade Coelho - responsável por atropelar e matar o ciclista Joel Fagundes, 62 anos, próximo ao aeroporto Salgado Filho, no dia 8 de fevereiro - continua trabalhando normalmente no local.
Daniel está com a licença suspensa até ser julgado por homicídio culposo e já havia sido condenado por outras duas mortes, há oito anos. Ele foi solto graças a um indulto.
- Ô Cappellari, assim não dá, um taxista tem licença para matar - entoavam os ciclistas, que bloquearam o trânsito na Avenida Ipiranga, no sentido bairro-centro, por volta das 20h30.
A manifestação era dirigida ao diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, que já prometeu medidas contra o permissionário e reafirmou que a suspensão do taxista Daniel Coelho está vigorando no sistema do órgão desde março.
A pedalada teve início no Largo Zumbi dos Palmares, na região central da Capital, passou em frente ao prédio do Tribunal de Justiça e seguiu pelas avenidas Borges de Medeiros e Ipiranga.
A interrupção na Ipiranga durou menos de 10 minutos, mas foi tempo suficiente para motoristas impacientes iniciarem um buzinaço e motociclistas começarem a furar o bloqueio.
- Vagabundos! Vão trabalhar - gritavam os motoristas.
A reação dos condutores presos no trânsito não surpreende o marido de Sara Fagundes, filha de Joel Fagundes, atropelado e morto pelo taxista. O advogado Denilson Oliveira, que participou da pedalada, entende que o protesto foi necessário depois da reportagem.
- A matéria foi fundamental para escancarar esse caso. Não pode continuar assim. Agora vamos seguir os caminhos legais para tentar responsabilizá-lo. Espero que a polícia faça seu trabalho e que ele (Daniel) pague pelo que fez - disse.
Sara, filha de Joel, espera que a morte do pai seja mais um exemplo para que as autoridades trabalhem pela segurança dos ciclistas na Capital.
- Que a morte de Joel não seja em vão. Que Porto Alegre possa evoluir e se tornar uma cidade onde todos possam ir e vir com segurança, seja de carro, ônibus, bicicleta ou a pé. Era o que meu pai queria.
*Zero Hora