Quatro meses depois de ser inaugurado com pompa, o Recanto Nico Nicolaiewsky se transformou em um depósito de lixo e carniça indistinguível em meio à grama alta. Seguiu o padrão do restante da orla do Guaíba, portanto.
Na verdade, o recanto consiste em uma placa fincada na parte plana da orla, em frente ao Museu Iberê Camargo. Não há iluminação, bancos, cercamento ou outra estrutura - é uma pedra, com a placa homenageando o artista morto em 7 de fevereiro de 2014. Como a calçada e a rua ficam um nível acima, o local, que deveria ser espaço de convivência, apreciação do por do sol e até apresentações artísticas, como previsto na data da inauguração, acaba se tornando palco de rituais religiosos e acúmulo de entulho.
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Na segunda-feira, quando a reportagem foi ao local, havia pontos em que a grama chegava aos joelhos - não à toa, o repórter voltou à redação com a calça tomada por pega-pegas. Caixas de papelão cercavam a árvore que adorna o entorno da placa. Mais perto do Guaíba, a paisagem é aquela conhecida: galinhas mortas, pratos de arroz, velas queimadas e muito lixo vindo da água. De acordo com o supervisor de praças, parques e jardins da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAM), Léo Antônio Bulling, a limpeza do local é dividida entre SMAM e Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). O problema é que há locais - como o trecho entre Gasômetro e rótula das cuias - em que a limpeza é feita regularmente, mas há outros, como o recanto, em que a equipe de cuidado só comparece por demanda.
- A limpeza é feita esporadicamente, quando há solicitação. Se ninguém pede, a equipe vai uma vez por mês, mais ou menos. Na pracinha em frente ao Iberê, quem faz a capina é a Mecanicapina, uma empresa terceirizada, também uma vez por mês - explica o supervisor.
De acordo com os registros da SMAM, nesta segunda-feira foram feitas capina e limpeza do local - foi o dia em que a reportagem compareceu ao local. O problema principal por ali, segundo Bulling, é o seguinte:
- Despachos. O problema ali são os despachos religiosos. A gente limpa num dia e no outro já está tudo sujo de novo.
Tudo isso, no entanto, deve se resolver quando o projeto de revitalização da orla for concluído, avalia Bulling. O problema é que esse projeto está em "fase de estudos". Até lá, que se conviva com a grama e o lixo.