A empresa alemã Bilfinger, que identificou o pagamento de propina a servidores públicos brasileiros em obras da Copa do Mundo, informou que também vai iniciar uma apuração específica sobre o fornecimento de um painel de vídeo para o Centro Integrado de Comando (Ceic) da prefeitura de Porto Alegre. Até o momento, porém, não foi comunicado qualquer indício de irregularidade envolvendo o contrato com o município.
A Capital conta com dois centros de controle equipados com telões fornecidos pela Bilfinger: um é o Ceic, criado em 2012 e dedicado ao monitoramento de itens como trânsito e fenômenos climáticos. O outro é o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), inaugurado em 2014 no prédio da Secretaria Estadual da Segurança Pública e focado no combate à violência.
O chamado videowall de 56 metros quadrados do CICC faz parte de um pacote de equipamentos adquiridos em 2013 pelo Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, por R$ 24,3 milhões. O material foi distribuído a cidades-sede da Copa do Mundo como parte dos preparativos para o evento. No dia 22 de março, a Bilfinger comunicou ter aberto uma investigação para apurar o pagamento de propina a servidores públicos brasileiros envolvidos na aquisição desses monitores destinados à segurança pública.
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A suspeita de que funcionários da subsidiária no Brasil pagaram propinas foram confirmadas, segundo a Bilfinger, depois de análises feitas pelas empresas de auditoria Ernst & Young, Deloitte e por um escritório de advocacia. Nesta quinta-feira, a Bilfinger anunciou que os subornos teriam somado perto de 1 milhão de euros (R$ 3,5 milhões). O Ministério da Justiça também apura o caso.
Procurada por Zero Hora, a matriz da Bilfinger na Alemanha informou que também investigará a venda do telão de monitoramento para o Ceic de Porto Alegre, ocorrida em 2012. Segundo o Diário Oficial da Capital, a empresa forneceu o monitor, com 13 metros de comprimento e três de altura, além de treinamento e suporte técnico, a um custo de R$ 1,8 milhão. O investimento total no centro, incluindo edificação, mobiliários e outros equipamentos, foi de R$ 5,6 milhões.
- No momento, apenas o contrato de 2013 (firmado com o Ministério da Justiça) está sob análise. Porém, pedimos à Deloitte que também investigue o contrato de 2012 (firmado com a prefeitura de Porto Alegre) - afirma o diretor de Comunicação Corporativa da Bilfinger, Martin Büllesbach.
Segundo Büllesbach, essa é a única informação que a empresa poderia passar sobre o caso até o momento. Não foi relatado nenhum tipo de suspeita prévia ou indício conhecido de irregularidade envolvendo o Ceic.
A coordenação do Ceic afirma que "o processo de aquisição do videowall se deu em maio de 2012, através de licitação. O processo foi realizado de forma transparente, conforme a legislação, e o centro está a disposição para quaisquer esclarecimentos".