Seis meses depois de abrir as portas, após uma espera de quase quatro décadas, o Hospital Geral da Restinga e Extremo-Sul ainda engatinha para se tornar uma unidade além do Pronto-Atendimento atual. O cronograma inicial de funcionamento pleno, programado para o início deste ano, foi reajustado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para o final de 2015.
- Está aquém do que gostaríamos, pois o número de atendimentos ainda está abaixo do planejado, e o ambulatório (de gestação de alto risco) e o centro de especialidades já deveriam estar funcionando. Estamos nos reunindo com o Moinhos para definir a
contratação dos servidores e o modelo de funcionamento do centro de especialidades - diz o secretário municipal de Saúde, Carlos Henrique Casartelli.
UTI ainda depende de obras
Segundo o secretário, o primeiro ano de funcionamento de um hospital é sempre o mais
difícil. Entre as dificuldades apontadas estão o treinamento e a contratação dos
funcionários, além dos ajustes contratuais entre o administrador da unidade e o poder
público. Por ter atendimento 100% Sus, o Hospital da Restinga recebe verbas do Ministério da Saúde (50%), do Estado (25%) e do município (25%). O Hospital Moinhos de Vento é responsável pela administração geral.
Ainda neste semestre, Carlos Henrique prevê a abertura do ambulatório de gestação de alto risco e de especialidades médicas no centro. Mas o centro obstétrico e o bloco cirúrgico ainda levarão mais tempo. Em quase 20 mil metros quadrados é possível ver concluídos o centro obstétrico, as salas de cirurgia e o centro de especialidades com 20 consultórios. Faltam os equipamentos. A Unidade de Tratamento Intensivo ainda depende de obras.
Apesar dos atrasos, o gerente de operações de responsabilidade social do Moinhos de Vento, Luiz Antonio Mattia, destaca melhorias no Pronto-Atendimento atual em relação ao que existia anteriormente no bairro - também sob o comando do Moinhos. Hoje, ele oferece serviços de diagnóstico como tomografia, ecografia, eletrocardiograma e laboratório.
- Temos também serviço de nutrição para internados e acompanhantes, e farmácia. Além disso, estamos atendendo exames encaminhados pela rede de saúde - reforça o gerente de operações.
Bebê nascerá longe da Tinga
Prestes a completar oito meses de gestação, a dona de casa Viviane Machado, 29 anos, decepcionou-se ao saber que a maternidade não sairá do papel até dar à luz Nicolas, em março. Morando a menos de 1km do hospital do bairro, Viviane terá que percorrer 32km até a maternidade mais próxima, na Santa Casa, no Centro.
- Comemorei quando inauguraram o hospital, achando que poderia ganhar o meu bebê
perto de casa. Mas, infelizmente, isso não vai ocorrer pela segunda vez - diz Viviane, que na primeira gestação, há 12 anos, também precisou se deslocar até a região central da cidade.
Quem também está preocupado é o marido de Viviane, o eletricista Israel Leão, 32 anos, que torce para o bebê chegar numa hora que ele estiver em casa:
- Será mais difícil, se ele vier num horário que eu estiver no trabalho. Não quero que ela vá de ônibus para o hospital.
Os números dos primeiros seis meses
- 62 leitos de internação - 10 pediátricos e 52 adultos
- 25 leitos de emergência
- 43.139 atendimentos de emergência - 63% adultos e 37% pediátricos
- 941 internações - 72% adultos e 28% pediátricos
- 57.146 exames laboratoriais
- 6.039 exames de imagem
- 50% dos pacientes são do Extremo-Sul de Porto Alegre
- Atua com 307 colaboradores, começou com 250
- 150 ecografias realizadas pela rede
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Corredor do que deveria ser a entrada principal permanece vazio
Foto: Mateus Bruxel
Viviane, ao lado do marido Israel, mora a 500m do hospital, mas percorrerá 30km para ter o segundo filho do casal
Foto: Aline Custódio