A assembleia para que os rodoviários da Capital apreciassem a proposta de reajuste salarial feita pelos empresários terminou sem definição na noite desta terça-feira. O encontro ocorreu no Ginásio da Brigada Militar.
O Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) ofereceu 8% de aumento nos vencimentos, contra os 11,5% pleiteados pelos trabalhadores. No documento enviado ao Sindicato dos Rodoviários, também consta elevação de R$ 2 no vale-alimentação, que passaria para R$ 21 e seria recebido em metade dos dias de férias - benefício que não existe atualmente.
Após a proposta ser lida pelo secretário-geral do Sindicato dos Rodoviários, Sérgio Vieira, a maior parte dos trabalhadores que ocupavam as arquibancadas do ginásio se mostrou contrária e começou a protestar. O presidente Adair da Silva encerrou a consulta e afirmou que ela deve ser feita de forma fragmentada, ou seja, por empresa.
- A proposta não foi ruim, mas uma parte da categoria não aceitou - disse Silva, acrescentando que, até 1º de fevereiro, há margem para negociação.
Delegado sindical da Carris, o motorista Afonso Martins avalia como ruim a proposta dos empresários.
- Lamentável esta atitude da diretoria do sindicato, tendo ceifado o direito do trabalhador de se manifestar em assembleia. Mostra que esta diretoria não tem respeito e comprometimento com a defesa do trabalhador. Está voltada ao interesse da patronal. Resta mobilização e, se for o caso, passar de novo por cima da direção do sindicato e lutar contra patronal, prefeitura e quem quer que seja - ressalta.
Na quarta-feira, a direção do Sindicato dos Rodoviários se reunirá para decidir a forma que será feita a consulta à categoria.
Seopa disse que proposta seria definitiva
À tarde, os dois sindicatos já haviam se reunido na sede da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP). Da conversa, não saiu uma decisão - ficou definido que a patronal enviaria uma alternativa antes do início da assembleia. Na ocasião, o consultor jurídico do Seopa, Alceu de Mello Machado, disse que a proposta seria definitiva:
- Uma negociação envolve vários ingredientes. Temos de ter responsabilidade ao formular uma proposta.
O aumento salarial de 11,5% (6,5% referentes à inflação do último ano e 5% de ganho real) é o principal item da pauta protocolada no dia 5 na ATP, mas há outros oito pontos no documento, como aumento no valor do tíquete-refeição (de R$ 19 para R$ 23,75) e redução da jornada de trabalho para seis horas.
No dia 8, foram oferecidos 5% de reajuste, rechaçados pelos trabalhadores.
Confirma como foi a cobertura ao vivo da assembleia: