Desde o fim da tarde desta quinta-feira, quando um homem foi morto com cerca de dez tiros dentro do Pronto-Atendimento localizada na Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, o local está fechado. O corriqueiro movimento de pacientes do conhecido Postão da Cruzeiro foi substituído pelo de policiais, guardas municipais, representantes da Secretaria Municipal de Saúde e também do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers).
Em visita exigida por lei, já que o posto virou notícia por questões policiais, na manhã desta sexta-feira, a diretoria do Cremers exigiu que a prefeitura apresente um plano de segurança. O prazo de entrega é até a próxima terça-feira.
- O Postão da Cruzeiro é um velho conhecido nosso por deficiência de segurança. Essa morte comprovou isso e precisamos de soluções. Funcionários e pacientes não podem ficar desprotegidos dessa forma - argumenta o presidente do Cremers, Fernando Matos.
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Ele acrescenta que é preciso mais vigilância e também melhoria nos processos internos, pois pessoas armadas não poderiam ter acesso ao posto.
Coordenadora municipal de Urgências, Fátima Ali argumenta que o PA da Cruzeiro já mantinha vigilantes e portaria 24h e que a secretaria da Saúde já tomou medidas para aumentar a segurança, como a manutenção de equipes da Guarda Municipal de prontidão e rondas mais frequentes da Brigada Militar. Mas faz uma ressalva:
- Estamos colhendo sugestões e fazendo o possível para melhorar. No entanto, esse problema (a morte) é de segurança pública, não de saúde. Nós não vamos conseguir resolver o problema do tráfico, das execuções.
Não há previsão de reabertura do posto.
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Polícia acredita em acerto de contas
A invasão ao Postão ocorreu por volta das 18h30min desta quinta-feira e teve participação de, pelo menos, sete homens armados. De acordo com o Diário Gaúcho, eles foram direto ao corredor que dá acesso à ala psiquiátrica e, ao encontrarem José Chrisóstomo Júnior, 37 anos, o executaram com aproximadamente dez tiros de pistolas 7.65 e .380.
No local, os investigadores da 6ª DHPP já tiveram acesso às imagens das câmeras de monitoramento, na tentativa de identificar os criminosos. O que mais chamou a atenção da polícia foi a ousadia dos assassinos. Não apenas pelo local do crime, mas pela estratégia usada para cometer a suposta execução.
O paciente havia sido levado ao PA pela Brigada Militar, depois de passar mal ao ver o cunhado ser assassinado no começo da tarde, em casa. Segundo testemunhas, quando os PMs chegaram com o paciente na unidade de saúde, os suspeitos já estariam espreitando. Eles esperaram os policiais saírem para atacar.
De acordo com o delegado Róger Bittencourt, as duas mortes parecem acertos de contas. A motivação ainda não está clara. Ainda segundo Bittencourt, o cunhado tinha envolvimento com o tráfico de drogas - já tinha antecedentes por esse crime, além de roubo.
Chrisóstomo Júnior atuava como cambista e ambulante no Centro. Não é descartada a possibilidade de que eles tenham sido mortos por algum desentendimento antigo, relacionado ao
tráfico de drogas.