Elisa Lucinda é uma explosão quando declama. Alega ter um repertório de 3 mil poesias decoradas - e quem a assistiu, nesta quinta-feira (13/11), na Praça da Alfândega não duvida. Atriz, professora, escritora e cantora, ela veio à Capital autografar Fernando Pessoa - O Cavaleiro de Nada e A Fúria da Beleza. Aos participantes do evento A Poesia no Cotidiano, no Espaço do Sesi, recitou Mario Quintana e um poema que fez para o Guaíba na última vez em que visitou a cidade.
- É preciso deixar sangrar. Vamos deixar vir a emoção. Existe uma emoção em viver, em estar vivo. Sou apaixonada pela vida. A poesia traduz o meu espanto - disse Elisa.
Nesta sexta (14/11), a partir das 20h, ela participa da atividade O Autor no Palco, no
Teatro Sancho Pança.
Localize-se na Feira do Livro
As principais presenças da Feira
Todas as notícias sobre a 60ª Feira do Livro de Porto Alegre
Você já tem uma longa história com a Feira do Livro de Porto Alegre.
Já vim a mais de 10. Acho que é a melhor feira do país. Ninguém paga para ver, acontece em um lugar aonde todo mundo pode ir. Não é segregadora, como é a do Rio de Janeiro, no Riocentro - lá, quem não tem carro não vai. Tem um papel fundamental no desenvolvimento intelectual do Rio Grande do Sul. Há reverberações, o saber tem que circular. Isso fortalece muito a cultura e a identidade de vocês.
Como compõe em cada área? Você escreve prosa e poesia, canta, atua.
Sou concomitante, como acho que a natureza é. Não para de ventar para uma onda bater. É tudo junto. Acho que a divisão é mais vista de fora do que de dentro. Isso que eu fiz ali (declamar e cantar para o público da Praça da Alfândega) é o que eu faço lá em casa. Canto no banheiro, falo poesia na minha casa, com microfone. Estou sempre fazendo essas coisas, é o meu desejo. O meu trabalho é o meu desejo, escorre na mesma via do afeto. Vou com sede para uma roda de poesia. Tenho tesão.
O que afasta o público da poesia?
O jeito como a poesia é divulgada. A poesia é aprisionada em um modo antiquado de divulgação. A poesia tem uma necessidade intrínseca de ser comunicada pela forma mais coloquial possível. A pessoa tem que ver a palavra viva, ela quer ver algo que a toque em um recital. Não pode ser aquela coisa chata da declamação, como uma reza. Não faz sentido a poesia ser o patinho feio das editoras.
"Não faz sentido a poesia ser o patinho feio das editoras", diz Elisa Lucinda
Atriz, professora, escritora e cantora está em Porto Alegre para participar da Feira do Livro
Larissa Roso
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project