No último fim de semana da Feira do Livro de Porto Alegre, o Caderno da Feira relembra episódios curiosos e personalidades que marcaram esta 58ª edição.
Para deixar a retrospectiva mais divertida, escolhemos títulos (ou fragmentos deles) de obras literárias. Sem pedir ajuda ao Google, fica o convite ao desafio: quem escreveu cada uma delas?
1. A BIBLIOTECA DE BABEL
"Oh! Bendito o que semeia / Livros... Livros à mão cheia / E manda o povo pensar! / O livro, caindo nalma / É germe - que faz a palma, / É chuva - que faz o mar!", escreveu Castro Alves em O Livro e a América. Os versos se ajustam bem ao mandato do patrono e poeta Luiz Coronel, que circulou pela Praça da Alfândega distribuindo exemplares de sua obra aos visitantes.
2. A DISTÂNCIA ENTRE NÓS
Mais espaço para bancas, livreiros e leitores. Com a revitalização finalmente concluída, a Praça da Alfândega, sem tapumes e poeira de obras, recepcionou esta Feira com caminhos mais livres. A mudança se nota, principalmente, na área central, próximo ao monumento a General Osório - a popular "estátua do cavalo" para marcação de encontros -, e nos corredores secundários que, desta vez, não abrigaram estandes.
3. A LOUCURA DAS MULTIDÕES
Músico e também escritor, Humberto Gessinger, do Engenheiros do Hawaii e do Pouca Vogal, motivou uma das mais longas filas de autógrafos com o lançamento de Nas Entrelinhas do Horizonte. Já o senador Pedro Simon, de acordo com registro de seu blog, passou 5h20min assinando exemplares de O Momento Supremo do Brasil - A Justiça Conquistada: das CPIs ao Julgamento do Mensalão para 800 admiradores.
4. MISTÉRIOS DE PORTO ALEGRE
Foi uma Feira de resgate histórico de personagens e circunstâncias da Capital. Claudinho Pereira lançou seu misto de autobiografia e crônica histórica da boemia da cidade, em Na Ponta da Agulha. Paulo César Teixeira recuperou a efervescência cultural e - sobretudo - política da Esquina Maldita, local que congregava a juventude dos anos 1970 e 1960 no bairro Bom Fim. Já o Mercado Público foi resgatado em Mercado Público: Palácio do Povo, com textos de Rafael Guimaraens e imagens de Marco Nedeff, Edgar Vasques e Ricardo Stricher.
5. NO PAÍS DAS MARAVILHAS
Uma História do Mundo, de David Coimbra, começou a rarear nas bancas no início da semana e logo virou raridade. Depois de esgotadas duas edições, de 5 mil exemplares cada, os livreiros esperavam ansiosos por um novo carregamento da L&PM. E a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, best-seller do ano no mundo inteiro, esteve onipresente na praça, bem visível na maioria dos estandes.
6. OS NOIVOS
Tão oportuno que pareceu até combinado previamente, o pedido de casamento do videomaker Francisco Miron à namorada, a fotógrafa Alessandra Schmitz Pinho, eletrizou a plateia de uma palestra sobre o amor. Com a Sala Oeste do Santander Cultura lotada, no último sábado, os escritores Celso Gutfreind, Fabrício Carpinejar e Luiz Coronel foram testemunhas do "sim".
7. VIAGENS NA MINHA TERRA
Houve bons momentos protagonizados por visitantes da praça. Simpático e intenso, Valter Hugo Mãe encantou seu público e deu muitos autógrafos. O best-seller espanhol J.J. Benitez começou sua mesa, com sala lotada, declarando que não via propósito em falar sobre seus livros e que preferia estar em casa. E depois engatou 45 minutos ininterruptos falando sobre seus livros. O romancista policial americano Jeffery Deaver mostrou-se um bem-humorado contador de histórias. E no domingo, um último ilustre visitante: o moçambicano Mia Couto.
8. A AUSÊNCIA QUE SEREMOS
A programação oficial exibia Luis Fernando Verissimo como atração para o primeiro domingo, em uma sessão de autógrafos. Bem longe de Porto Alegre, em Paris, o escritor informou desconhecer o compromisso. Acabou participando do evento na última quarta-feira. Juliano Cazarré, o Adauto de Avenida Brasil, cancelou sua presença para os autógrafos de Pelas Janelas - recebeu um convite irrecusável para assumir seu primeiro protagonista no cinema.