Envolvido em uma controvérsia ideológica entre deputados estaduais desde que foi indicado para receber a medalha do Mérito Farroupilha na Assembleia Legislativa, em 16 de dezembro, João Pedro Stédile é um economista gaúcho que se firmou como o principal nome nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Contrariado pela concessão da honraria a um líder dos sem-terra, o deputado Capitão Martim (Republicanos) coordenou um abaixo assinado com mais de 25 mil assinaturas para tentar reverter a homenagem idealizada pelo colega Adão Pretto Filho (PT).
Filho de pequenos agricultores, Stédile, 70 anos, nasceu em Lagoa Vermelha, em dezembro de 1953. Formou-se em Economia pela PUCRS e, quando ainda cursava a faculdade, foi aprovado em um concurso da Secretaria de Agricultura do Estado. No final dos anos 1970, teve papel central em ocupações de terra no município de Nonoai que ajudariam a moldar o futuro MST. Esse tipo de ação marcou um novo impulso da luta dos agricultores sem terra por um pedaço de campo depois da repressão vivida nos anos de ditadura militar.
O MST seria formalmente criado em 1984, e Stédile se firmaria como um de seus principais ideólogos sob a responsabilidade de desenhar estratégias para o movimento. Além de lutar apenas por um perímetro de terra, a organização passaria a buscar uma maior organização da produção nos assentamentos, a defender a agroecologia e a implantação de escolas nos próprios assentamentos.
Ao longo dos últimos anos, a relação de Stédile com os governos petistas apresentou momentos de maior e menor aproximação. O líder dos sem-terra chegou a criticar Luiz Inácio Lula da Silva pela morosidade em atender a reivindicações do movimento em gestões passadas. Mas, em 2023, Lula levou Stédile na comitiva brasileira que viajou à China para encontrar o presidente chinês, Xi Jinping.