Prestes a reassumir a prefeitura de Pelotas 20 anos após concluir o primeiro mandato, Fernando Marroni (PT) está montando um governo de coalizão no município. Eleito numa chapa de esquerda que reúne PT, PSOL, PCdoB, PV e Rede, o futuro prefeito atraiu legendas de centro e centro-esquerda para o secretariado, como MDB, PDT e PSB, e até o mesmo o PP, alinhado à direita bolsonarista.
— A gente se comprometeu a fazer um governo amplo, em prol da cidade — diz Marroni.
O petista ainda não concluiu a montagem do primeiro escalão, faltando anunciar cinco dos 26 titulares (veja a lista abaixo). Marroni não descarta tomar posse, marcada para as 18h do dia 1º, em cerimônia na Câmara de Vereadores, sem ter o governo completo. A ideia é usar os espaços ainda vagos, como as secretarias da Segurança, Habitação e a empresa que administra a estação rodoviária da cidade, para atrair outras siglas, como o PSD e o União Brasil.
Embora tenha angariado apoio de MDB, PDT e PSB no segundo turno, o novo governo não tinha construído maioria na Câmara de Vereadores. Dos 21 assentos, conquistou apenas cinco. A construção do secretariado ampliou a base para 12 parlamentares, mas Marroni ainda tenta obter uma margem de maior segurança com a adesão do União Brasil e do PSD, cujas bancadas somam cinco vereadores.
Promessas
Marroni ainda não escolheu o nome que vai conduzir uma das prioridades da nova gestão. Após os prejuízos causados pela enchente de maio, o futuro prefeito quer fazer da Secretaria de Defesa Civil uma estrutura capaz não só de atuar em Pelotas, mas também pronta para dar suporte aos municípios da região. O objetivo é dotar o órgão de capacidade para monitorar eventos climáticos, antecipando eventuais danos e mantendo um plano de contingência capaz de orientar a população em caso de evacuações.
O prefeito eleito também quer reforçar o sistema de proteção contra cheias com ao menos duas obras de grande porte. Uma delas é a construção do dique do Valverde, um muro de quatro metros de altura capaz de proteger a região do Laranjal, a mais afetada pelas inundações deste ano. Ao custo de R$ 17 milhões, a obra foi cadastrada junto aos governos estadual e federal à espera de recursos.
O outro empreendimento é elevar o dique da Estrada do Engenho, que protege boa parte da zona urbana da cidade. Dos 2,8 quilômetros de extensão da barreira, cerca de 500 metros estão abaixo da cota de quatro metros. De acordo com o futuro prefeito, a obra deve custar em torno de R$ 6 milhões.
O cumprimento de promessas de campanha, como a redução da fila por exames e cirurgias na rede de saúde e zerar a demanda de 800 vagas na pré-escola, são preocupações para os primeiros anos de governo. Todavia, Marroni sabe que terá de conduzir um ajuste fiscal na largada da nova gestão. Com R$ 2,2 bilhões de receita projetados para 2025, o orçamento prevê déficit de R$ 300 milhões.
— O saneamento das finanças vai exigir um esforço enorme no primeiro ano de governo — resigna-se Marroni.
Veja os secretários já anunciados:
- Assistência Social — Raquel Nebel (PSOL)
- Cultura — Carmen Vera Roig
- Educação — Mauro del Pino (PT)
- Esporte, Lazer e Juventude — Pablo Salomão (PSB)
- Desenvolvimento, Empreendedorismo e Inovação — Paula Cardoso (PSB)
- Desenvolvimento Rural — Anderson Fernandes Schimidt (PP)
- Finanças — Fábio de Souza e Silva
- Governo e Ações Estratégicas — Miriam Marroni (PT)
- Igualdade Racial — Júlio Domingues (PSOL)
- Mobilidade Urbana — Otávio Peres
- Mulheres — Marielda Medeiros (PT)
- Obras — Rogério Salazar (PSB)
- Planejamento e Gestão — Salvador Mandagará Martins (PT)
- Procuradoria-Geral — Cristiane Cardoso
- Recursos Humanos — Carla Cassais (PT)
- Sanep — Ellemar Wojahn (PT)
- Saúde — Ângela Victória (PT)
- Serviços Urbanos — Mateus Cosen (PSOL)
- Transporte e Trânsito — Eduardo Monteiro Machado (PP)
- Turismo — Danilo Rodrigues (MDB)
- Qualidade Ambiental — Márcio Souza (PV)
Falta anunciar:
- Comunicação
- Defesa Civil
- Habitação
- Segurança
- Empresa do Terminal Rodoviário