Um vereador de Canguçu, no sul do Rio Grande do Sul, deu uma declaração racista durante a sessão realizada na segunda-feira (22). Francisco Vilela (PL), conhecido como Xico Vilela, utilizou a expressão "essa negrada" para se referir às pessoas que receberam recursos oriundos do governo federal durante o período da pandemia de covid-19.
— Bah, não veio pagamento "pinga-pinga." Com aquele dinheiro da covid, essa negrada nos estados deitaram e rolaram. Palmas pro Bolsonaro, palmas pra quem mandou o dinheiro — disse o vereador.
O vereador Francisco Vilela afirmou que não se arrepende de ter usado o termo e negou que tenha sido racista.
— É uma expressão que todo mundo usa, mas como fui eu, vereador, me tiraram para bobo. Me sinto até constrangido. Não tenho mais nada a declarar — alegou.
O Movimento Quilombola e Negro de Canguçu repudiou as falas e pediu a punição do vereador. "É inadmissível que uma autoridade ocupante de uma cadeira no poder Legislativo quebre o decoro parlamentar e ofenda a comunidade negra", informou.
O caso aconteceu na sessão ordinária da Câmara de Vereadores. Vilela estava presidindo os trabalhos. A pauta era o aumento da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) proposto pelo governador Eduardo Leite. O parlamentar fazia comentários sobre o envio de verbas federais para os Estados.
A Câmara de Vereadores informou que "está avaliando o caso". Em agosto, a Casa rejeitou o pedido de cassação do mandato do parlamentar, também instaurado a partir de uma manifestação em sessão.
Reincidência
O episódio na segunda-feira não foi o primeiro em que o vereador Francisco Vilela proferiu uma fala considerada preconceituosa. Em junho de 2023, ele chamou uma servidora de "neguinha, puta" (confira vídeo abaixo).
Após a sessão, a trabalhadora registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil, que investigou o caso e indiciou o vereador por injúria racial. O Ministério Público analisou o indiciamento e entendeu que, além da injúria racial, Vilela deveria responder por prática, induzimento e incitação de discriminação e preconceito de cor.
A Câmara de Vereadores abriu processo de cassação por suposta quebra de decoro parlamentar. Após votação, o pedido foi rejeitado.