O vereador Ado Machado (MDB) teve o mandato suspenso por 15 dias após uma série de discursos transfóbicos no plenário da Câmara de Sapiranga. O fato foi denunciado ao Legislativo municipal em sete oportunidades por representantes da ONG Outros Olhares e encaminhado para a Ouvidoria. Em uma das vezes, a própria ONG fez o encaminhamento. Na terça-feira (5), os vereadores votaram e aprovaram a suspensão do mandato.
Ainda na terça, o parlamentar foi encaminhado à Delegacia de Polícia de Sapiranga sob alegação de ter cometido novamente o crime de transfobia durante uma sessão da Câmara. A denúncia foi apresentada por três pessoas transexuais, representantes da ONG. As três estavam presentes no local e sentiram-se ofendidas com a fala do parlamentar.
Em seu discurso, o vereador, que é conhecido como "Ado, O Gari" disse que não é preciso ter muito estudo para diferenciar transfobia de homofobia. Ainda, conforme o vereador, "ninguém se torna transfóbico ou homofóbico se não concordar com alguma coisa, e só se torna se querer (sic) matar uma pessoa trans por opção".
Antes de ser encaminhado à delegacia, onde ele e outras três pessoas foram ouvidas pela delegada Micheli Arigony, que investigará o caso, foi lido durante a tarde de terça-feira o relatório final da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar. O documento é referente a uma denúncia protocolada contra o vereador ainda em setembro deste ano. O caso também envolve a prática do crime de transfobia e discurso de ódio.
Segundo a delegada Michele, foi instaurado um inquérito para esclarecer o caso e analisar a fala e o tipo de conduta do parlamentar.
Procurado por GZH, o vereador disse que foi afastado devido a publicação de um vídeo, onde diz que é contra pessoas nascidas biologicamente homens usarem banheiros femininos em lugares públicos. Em relação ao episódio durante a sessão na Câmara, o vereador alegou que o termo utilizado foi o motivo para que as representantes da ONG Outros Olhares distorcessem o seu discurso
— Quando eu me referi ao movimento como os trans, eles nem me deixaram mais falar, aí a polícia foi chamada — afirmou o parlamentar.