Diante de uma plateia repleta de mulheres vestindo verde, amarelo e rosa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou do encontro do PL Mulher do Rio Grande do Sul, na manhã deste sábado (18), em Porto Alegre, onde fez um discurso em que mesclou referências frequentes a Deus e aos feitos do governo de seu marido, Jair Bolsonaro, com críticas à esquerda. Bolsonaro subiu ao palco ao final do evento e manteve o tom ácido voltado contra o PT em suas manifestações, interrompidas por aplausos e gritos de "mito" das apoiadoras.
Michelle destinou a primeira meia hora de sua participação, que estava marcada para às 10h, mas começou com 34 minutos de atraso, para aprofundar a intimidade com as mulheres presentes. Depois de circular brevemente entre o público, passou a nominar ao microfone os nomes de todas as cidades gaúchas que enviaram representantes e ajudaram a lotar o espaço com capacidade para cerca de 2 mil pessoas — por vezes arrancando risos da plateia em razão da dificuldade de acertar nomes como o de Ibiraiaras, no norte do Estado.
A atual presidente nacional do PL Mulher recebeu das mãos do deputado estadual Rodrigo Lorenzoni a medalha do mérito farroupilha, maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa gaúcha. Com a peça o tempo todo sobre o peito, lamentou a situação de muitos municípios gaúchos que voltaram a enfrentar problemas em razão da chuva intensa.
Interrupções registradas em dezenas de rodovias nas horas anteriores impediram a chegada de algumas caravanas à Casa NTX para participar do encontro realizado na zona norte da Capital. Em seguida, defendeu uma maior mobilização das gaúchas para ampliar a ocupação de espaços na política, mas sob um modelo diverso ao que Michelle considera ser o perfil da esquerda.
— Não queremos competir com os homens, mas somar. Estamos aqui para unir, enquanto a extrema-esquerda divide para conquistar. Somos um movimento feminino, não feminista. Não precisamos tirar a roupa, gritar, para conquistar os nossos espaços — discursou, sob nova salva de palmas das militantes.
Michelle destacou ações adotadas no governo anterior em favor de pessoas com deficiências ou doenças raras, defendeu ações de voluntariado lembrando que atuou por dois anos junto a mulheres pobres em um lixão e criticou o que chamou de descaso do atual governo federal com a saúde e a segurança pública. Ela fez referência a uma matéria recente do jornal Estado de S.Paulo sobre visitas que Luciane Barbosa, casada com um homem vinculado a um grupo criminoso, fez a autoridades no Ministério da Justiça e da Segurança:
— Como pode, né? Quantas mães não são atendidas, mas, como diz a imprensa, esses dias a "dama do tráfico" estava lá em Brasília. Por quê?
Já eram 12h46min quando Jair Bolsonaro subiu ao palco sob aplausos e gritos de "mito" para o discurso final do evento. O ex-presidente manteve os ataques à esquerda.
— Quem é que não defende a família aqui? Do lado de lá, qualquer ajuntamento de qualquer coisa é (considerado) família — afirmou.
Criticou ainda políticos de direita que deram apoio à reforma tributária em andamento no Congresso, afirmando que serão "expurgados" futuramente, e fez uma referência velada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva como alguém que "ama" o Hamas — grupo responsável por um ataque terrorista em Israel que precipitou a invasão da Faixa de Gaza.
Em relação às condenações que vêm sendo impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a participantes do ataque à Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro, Bolsonaro declarou:
— Eu corro risco no Brasil, alguém duvida disso? (...) Quem está condenando essas pessoas? São pessoas inocentes, que estavam com a bandeira do Brasil nas costas e a Bíblia embaixo do braço, orando.