O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, afirmou que documentações enviadas pelo FBI corroboram a delação premiada feita pelo ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, em relação ao suposto esquema de venda ilegal de joias da Presidência da República. A declaração foi feita em entrevista à CNN.
A PF acionou o FBI para avançar nas investigações sobre o esquema em agosto deste ano. Em outubro, o governo dos Estados Unidos permitiu que o órgão atuasse para investigar as transações feitas por aliados de Jair Bolsonaro no país.
– Já começamos a receber as primeiras documentações e as primeiras informações, que vão na esteira do que falávamos antes e vão corroborando os depoimentos e a própria colaboração premiada – disse o diretor-geral da PF.
Bolsonaro ganhou joias de autoridades estrangeiras em viagens oficiais e, por isso, os itens deveriam ser incluídos no acervo da União. Porém, segundo as investigações, as peças foram incorporadas ao acervo pessoal do ex-presidente e negociadas para fins de enriquecimento ilícito.
As tentativas de venda só cessaram após a revelação, em março, de que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit composto por colar, anel, relógio e par de brincos de diamantes entregues pelo governo saudita.
Na delação, Cid disse que entregou para o ex-chefe do Executivo uma parte do dinheiro da venda das joias. Ele disse acreditar que a venda poderia ser considerada imoral, mas não ilegal. Bolsonaro nega qualquer irregularidade.
Multas
De acordo com Cid, a ideia de vender as peças surgiu como forma de “bancar as despesas” processuais de Bolsonaro. Segundo ele, o presidente estava preocupado com o grande número de multas impostas a ele.
Na entrevista à CNN, Rodrigues disse que a delação de Cid auxiliou os investigadores a descobrir provas sobre o esquema ilegal:
– Há muitos elementos já apontados que nos permitem, confrontando com os demais elementos já colhidos nos autos, identificar que, de fato, há consistência e há bons caminhos para que as provas venham aos autos.