O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre a 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que acontece nesta terça-feira (19), em Nova York. Após um hiato de 14 anos, o líder brasileiro volta a honrar uma tradição de quase sete décadas ao discursar pelo Brasil na abertura do evento anual.
Desde a 10ª sessão da Assembleia Geral em 1955, o Brasil ocupa a posição de orador inaugural, apesar de o primeiro discurso brasileiro em uma sessão ter ocorrido em 1947. Embora essa prática não seja formalmente definida pelos estatutos da ONU, a origem e continuidade da tradição têm raízes históricas profundas.
Osvaldo Aranha
O Brasil não apenas foi um dos Estados fundadores da organização, mas como o primeiro país a aderir à ONU. A influência do então ministro de Relações Exteriores do governo de Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, foi fundamental. Ele presidiu a primeira sessão especial em 1947, na qual foi aprovada a criação do Estado de Israel, um marco significativo na história das Nações Unidas.
Brasil como voluntário
Algumas teorias divergentes sugerem que o Brasil se ofereceu para assumir essa responsabilidade quando nenhum outro país queria fazê-lo logo após a criação da ONU. Isso resultou no Brasil inaugurando os discursos em 1949, 1950 e 1951.
Apenas em 1983 e 1984 o discurso não foi feito por um brasileiro, já que o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, tomou a palavra antes do ministro das Relações Exteriores do governo João Figueiredo, Ramiro Saraiva Guerreiro.
Conselho de Segurança
O Brasil ficou de fora do Conselho de Segurança da ONU em 1945. A abertura da Assembleia é também vista como uma remissão para a diplomacia brasileira por parte das Nações Unidas.
Guerra Fria
Outra hipótese para o Brasil abrir a Assembleia é que o país serviu como uma alternativa diplomática na Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, o que foi muito valorizado para a época.
A ONU conta com 193 Estados-membros. O anfitrião, os Estados Unidos, é o segundo a falar.