A necessidade de reforma no sistema de governança global deve ser um dos principais tópicos do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que começa às 10h (horário de Brasília) desta terça-feira (19) em Nova York. Será a oitava vez em que Lula faz o pronunciamento. Em seus dois primeiros mandatos, ele deixou de comparecer apenas em 2010.
O presidente tem afirmado que o modelo atual de governança, criado depois da Segunda Guerra Mundial, não representa mais a geopolítica do século 21. Lula defende mais igualdade nas decisões políticas, em especial no que toca à questão dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Esse tema, inclusive, foi abordado por Lula em seu último discurso na ONU, em 2009, e durante a cúpula do G77+China, no fim de semana, em Havana (Cuba).
— O que a gente quer é criar novos mecanismos e que tornem o mundo mais igual do ponto de vista das decisões políticas, sabe, por exemplo, eu vou repetir a questão do Conselho de Segurança da ONU, os membros permanentes. Por que o Brasil não pode entrar? Por que a Índia não pode entrar? Por que a África do Sul não pode entrar? Por que não pode entrar a Alemanha? Quem é que disse que os mesmos países que foram colocados lá em 1945 continuem lá? — questionou Lula, durante participação no programa Conversa com o Presidente.
O chefe do Executivo também deve cobrar que os países desenvolvidos financiem a transição energética, segundo o titular de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que integra a comitiva de sete ministros que está em Nova York.
— Não é justo que o Brasil e os demais países do Sul Global paguem pela transição — Silveira afirmou em entrevista à CNN. — O mundo, especialmente os países desenvolvidos, que já têm qualidade de vida, precisam reconhecer a importância da construção de um mundo de paz. E essa paz há de ser construída a partir da prosperidade dos países em desenvolvimento. E essa ideia de conexão entre os dois temas que venho conversando com o presidente Lula — disse o ministro.
Também é esperado que Lula aborde temas como desigualdade social e combate à fome.
Encontros
Lula chegou a Nova York na noite de sábado (16). Na manhã de segunda-feira (18), teve encontros com o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown e com o presidente da Confederação Suíça, Alain Berset. No domingo, participou de reunião com empresários e de jantar oferecido pelo presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, em homenagem ao presidente.
Nesta quarta-feira (20), Lula se reúne com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky. A reunião vai ocorrer por volta das 16h (horário de Brasília) no hotel onde o líder brasileiro está hospedado. Este será o primeiro encontro entre os dois mandatários, que estiveram presentes na cúpula do G-7, em Hiroshima, no Japão, durante o mês de maio, mas não conseguiram se encontrar por conta de incompatibilidade de agendas, deixando um clima negativo entre os dois países com direito a versões distintas sobre por que a reunião entre os dois não havia ocorrido.
Antes de retornar ao Brasil, o que está previsto para quinta-feira, Lula deve conceder uma coletiva de imprensa.