Em operação contra um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpre, na manhã desta quinta-feira (24), mandados de busca e apreensão contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan. A ação faz parte da Operação Nexum.
Dois endereços de Jair Renan foram visitados pelos agentes: um apartamento em Balneário Camboriú, em Santa Catarina e outro em área nobre de Brasília, no Distrito Federal. No total, a ação cumpriu cinco mandados de busca e apreensão e dois de prisão. A polícia apreendeu um aparelho celular, um HD e papéis com anotações particulares. Não houve condução de Renan para depoimento ou qualquer outra medida.
À Agência Brasil, o advogado Admar Gonzaga, responsável pela defesa de Jair Renan Bolsonaro, confirmou que ele é alvo de um mandado de busca e apreensão. Segundo o advogado, a defesa ainda não teve acesso ao processo e o filho do ex-presidente "está em casa e tranquilo".
A defesa informa que foi recém-constituída e que, por isso, não obteve acesso aos autos da investigação ou informações sobre os fundamentos da decisão".
As investigações apontam ainda que a quadrilha usava a falsa identidade de Antônio Amâncio Alves Mandarrari, usada para abertura de conta bancária e proprietário de pessoas jurídicas usadas como laranjas.
Em 2023, Carvalho já foi alvo de duas operações da organização: "Succedere", que investiga crimes tributários praticados por uma organização criminosa especializada em emissão ilícita de notas fiscais, e a "Falso Coach", que apura uso de documentos falsos para o registro e comércio de armas de fogo e a promoção de cursos e treinamentos de tiro por meio de uma empresa em nome de um "laranja". Nessa segunda operação, o instrutor foi preso em flagrante em ação policial por posse irregular de arma.
Segundo a investigação da Operação Nexum, o grupo suspeito agia por meio da inserção de funcionários "laranjas" para ocultar os verdadeiros proprietários de empresas fantasmas. De acordo com a PCDF, Carvalho e seus aliados criaram identidade falsa que foi usada para abertura de conta bancária e como proprietário de pessoas jurídicas usadas como laranjas.
Os policiais civis do Distrito Federal ainda descobriram que os investigados forjam relações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas, utilizando-se de dados de contadores sem o consentimento destes para inserir declarações falsas.
Batizada de "Nexum", a operação faz alusão ao mais antigo contrato formal romano utilizado para efetuar passagem do dinheiro e transferência simbólica de direitos.
A ação foi liderada pela delegacia de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária (DOT), vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DECOR). A defesa de Maciel Carvalho não foi localizada.
Reação da família Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), irmão de Jair Renan Bolsonaro, comentou a operação deflagrada pela PCDF: "Investigadores procurando pelo em ovo, ou seja, mesmo sem ter nada. Independentemente do sobrenome. Tomara que isso vire praxe agora. Ao que parece, é mais perseguição desenfreada em cima de Bolsonaro e de todo o seu entorno".