O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (20) para Joanesburgo, na África do Sul, onde participará da 15ª Cúpula do Brics — grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O encontro ocorre entre terça (22) e quinta-feira (24) e será o primeiro realizado de forma presencial desde o início da pandemia de covid-19.
O anúncio da viagem foi feito pelo presidente pelas redes sociais. Lula destacou, na postagem, sua participação na criação do Brics, que não é bloco econômico constituído, mas um mecanismo internacional de atuação das principais economias emergentes do mundo atual.
"É fundamental a cooperação entre os países do Sul Global no enfrentamento das desigualdades, da crise climática e por um mundo mais equilibrado e justo", escreveu.
Estarão presentes no encontro, além de Lula, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa; o presidente chinês, Xi Jinping; e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, deverá participar de forma remota, já que corre risco de ser preso caso visite o país sul-africano, por causa da invasão da Ucrânia.
Assuntos do Brics
A reunião de cúpula do Brics contará com a participação de 40 chefes de governo ou de Estado dos continentes africanos e asiático, além de América Latina e Oriente Médio. O secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, Eduardo Paes Saboia, destacou durante um briefing sobre a viagem algumas questões que deverão pautar a reunião entre os representantes do bloco. Uma delas, relativa à entrada de novos integrantes.
— Serão discutidos critérios e princípios a serem adotados para embasar a entrada de novos membros no grupo — disse.
Saboia lembra que este não é um tema novo.
— Desde 2011 discute-se como seria a interação com países de fora do bloco. Foi então observada a necessidade de se organizar e estabelecer critérios — emendou.
A guerra entre Rússia e Ucrânia, segundo o secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, deverá ser discutida apenas internamente, durante o chamado “retiro”, quando os chefes de Estado e de governo do Brics se encontrarão de forma fechada.
— Certamente o tema será discutido de forma mais aprofundada do que deverá constar na declaração ao fim do evento — antecipou Saboia.
Outra questão a ser discutida pelo grupo será o uso de moedas locais ou de uma eventual unidade de referência do Brics para transações comerciais.
— É provável que haja algum resultado nessa área. Este é um ativo muito importante do bloco — completou, referindo-se aos planos para o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco do Brics.