Na condição de diretora do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sua sigla em inglês) dos Brics (organização que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) se encontrou nesta quarta-feira (26) com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em São Petersburgo, onde deve ocorrer a cúpula Rússia-África.
A reunião ocorre em meio a uma série de tensões entre a Rússia e o Ocidente, com Putin mais isolado que nunca no cenário global após a decisão de fechar o Mar Negro e acabar com o acordo que permitia a exportação de grãos da Ucrânia — fator que tem um grande impacto na estabilidade dos preços globais dos alimentos.
A guerra na Ucrânia tem colocado o Kremlin em uma situação complicada, com o impacto econômico do conflito atingindo aliados da Rússia. A Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de óleo de girassol, milho, trigo e cevada, e o bloqueio russo no Mar Negro impossibilita a saída de 20 milhões de toneladas de grãos dos portos ucranianos.
Isto, no curto e médio prazo, pressiona os preços e causa escassez de alimentos em vários países africanos e do Oriente Médio, que dependem altamente de importações.
Dilma, que defende abertamente a ampliação da atuação o banco dos Brics, assim como a utilização de moedas locais no comércio dos países-membros com o objetivo de frear a supremacia do dólar, tem afirmado recentemente que a instituição que lidera planeja cumprir suas obrigações perante "todos os membros fundadores, incluindo a Rússia".
Putin não participará da cúpula dos Brics
O presidente russo não comparecerá à cúpula dos países dos Brics na África do Sul em agosto, informou na última quarta-feira (19) a presidência da nação africana, encerrando meses de especulações.
A eventual visita de Putin tornou-se um tema controverso para a África do Sul, uma vez que o presidente russo é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) que o país africano deveria cumprir, se necessário, por reconhecer esse tribunal. Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, França, Itália, México, Holanda, entre outros países, também integram o TPI.